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Altice fez desconto de um milhão a braço-direito de Armando Pereira

Em 2019, empresa recusou vender prédio por, pelo menos, 8 milhões de euros para, no final do mesmo ano, entregar o imóvel por menos um milhão a Hernâni Vaz Antunes, arguido da Operação Picoas, e considerado o braço-direito de Armando Pereira, que fundou a Altice com Patrick Drahi.
Logo da Altice Foto de Miguel A. Lopes, Lusa.

De acordo com o Expresso, apesar de a proposta apresentada em abril de 2019 para a compra do imóvel, em Lisboa, ser mais apelativa, o prédio acabou por ser vendido por sete milhões de euros pela MEO Serviços de Comunicações e Multimédia, do Grupo Altice, “a uma empresa sediada na Zona Franca da Madeira, a Smartdev, de Hernâni Vaz Antunes, arguido da Operação Picoas atualmente em prisão domiciliária e c junto à estação de Metro de Picoas onsiderado o braço-direito de Armando Pereira, que fundou a Altice com Patrick Drahi”.

Um ano mais tarde, em dezembro de 2020, o número 32 da Avenida Fontes Pereira de Melo passou para a Almost Future, também controlada por Hernâni Vaz Antunes, por 7,5 milhões de euros.

Na intermediação do negócio esteve João Zúquete, administrador da Altice, e o contabilista Gil Loureiro, pelo lado da Smartdev, ambos visados nas investigações da Operação Picoas.

O semanário adianta que o prédio abriga agora empresas associadas ao universo de Vaz Antunes, “que são fornecedores de serviços do grupo de Patrick Drahi em Portugal e em outras operações”, entre as quais a Setling, uma consultora de serviços de telecomunicações, responsável por projetar as redes de fibra ótica para empresas da Altice nos EUA.

A Setling tem como acionista principal a Mainpage e é sediada na Rua da Cidade de Goa, nº 12, em Loures, onde está também localizada a Sudtel, controlada em 70% pela Altice Portugal e em 29,97% pela Mainpage, e com um volume de negócios de 60,9 milhões de euros em 2020 e de 49,8 milhões em 2022. Setling, a Sudtel e a Mainpage o mesmo administrador: Michel Amorim, que também é administrador da empresa Moblaye, e trabalha no universo de fornecedores da Altice desde o tempo da Cabovisão.

Conforme assinala o Expresso, o negócio da venda do número 32 da Fontes Pereira de Melo não é o único sob investigação por parte do Ministério Público e da Autoridade Tributária. Em dois anos, entre 2018 e 2020, a operadora de telecomunicações vendeu sete edifícios da antiga Portugal Telecom no centro da capital a Hernâni Vaz Antunes, por um total de 24 milhões de euros.

Com exceção do imóvel junto à estação de Metro de Picoas, em todos os outros negócios o comprador foi a empresa Almost Future, mais tarde transformada num fundo imobiliário. Três destes negócios permitiram a Vaz Antunes amealhar mais-valias muito rápidas. O semanário dá como exemplo um imóvel na Visconde de Santarém, comprado por 4 milhões de euros em maio de 2019 e revendido um mês depois por 7 milhões, e outro na Conde Redondo, comprado por 3,8 milhões de euros em julho de 2020 e revendido por 6 milhões em outubro de 2021.

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