Pela décima primeira vez desde o início dos bombardeamentos a Gaza, Londres assistiu a um protesto nas ruas a juntar centenas de milhares de pessoas. Apesar da Páscoa e do Ramadão, os organizadores anunciaram a presença de 200 mil manifestantes na tarde de sábado.
Entre eles esteve o ex-líder trabalhista Jeremy Corbyn, que discursou no palco com fortes críticas ao governo conservador, à administração norte-americana e a outros países que continuam a promover o comércio de armas com Israel. Corbyn afirmou que o mundo está a assistir em tempo real na televisão "à destruição sem sentido da vida em Gaza".
Por entre um mar de bandeiras da Palestina encontravam-se também muitos grupos de judeus contra o ataque a Gaza e ouviram-se palavras de ordem como "Judeus contra o genocídio", "Parem de armar Israel", "Cessar fogo agora" ou "Rishi Sunak, não te podes esconder, vamos acusar-te de genocídio".
"Não podemos deixar que isto continue por mais uma geração", disse aos jornalistas o ator Khalid Abdalla, que fez o papel de Dodi Al Fayed na série "The Crown", acompanhado dos seus filhos na marcha, anets de ler em palco o poema “Se eu tiver de morrer”, de Refaat Alareer, morto em dezembro num bombardeamento em Gaza.
On the 48th anniversary of Palestinian Land Day, hundreds of thousands of protesters in London have attended the pro-Palestinian march starting in Russell Square to end at Trafalgar Square, calling for a ceasefire in Gaza pic.twitter.com/7bRQIOBfci
— Middle East Eye (@MiddleEastEye) March 30, 2024
O Dia da Terra Palestina marca o aniversário do 30 de março de 1976, quando os militares israelitas mataram seis manifestantes em protestos contra o confisco das suas terras na Galileia, onde depois se construíram colonatos e um campo de treino militar.
Outros países assinalaram o dia com manifestações, como na Dinamarca, com cerca de 15 mil pessoas em Copenhaga. Em Deir Hanna, no norte de Israel, milhares de pessoas manifestaram-se, com os deputados árabes-israelitas na primeira linha da manifestação e grupos de judeus com slogans como "Judeus e árabes recusam-se a ser inimigos". "Viemos aqui em solidariedade com a multidão árabe para exigir o fim dos massacres perpetrados pelo governo israelita em Gaza e o fim da guerra", disse Eyal, um manifestante israelita de 33 anos, citado pela agência Lusa.
Em Lisboa, dezenas de pessoas manifestaram-se junto à estação do Rossio, em Lisboa. "Em cada ano é importante, mas este ano é mais importante. As pessoas em Gaza estão a morrer de fome", disse à RTP Maria Rossi, da Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina. Outra jovem presente no protesto acrescentou: "Sou judia e não aguento mais que a minha identidade seja usada como arma para o genocídio de outro povo. Estamos a assistir a uma fome em massa, roubos de terra, colonos que vão roubar terras para que os palestinianos nunca tenham o direito ao retorno. Assistimos a um genocídio absoluto, em que mulheres, crianças e homens inocentes estão a ser motos e humilhados".