200 mil nas ruas de Londres exigiram cessar-fogo em Gaza

30 de março 2024 - 22:41

A capital britânica voltou a erguer a voz contra o genocídio e a venda de armas a Israel. Manifestações deste sábado assinalaram o Dia da Terra, aniversário dos protestos de 1976 contra o confisco de terras por parte do Estado israelita.

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Manifestantes em Trafalgar Square
Manifestantes em Trafalgar Square. Foto de Guy Smallman.

Pela décima primeira vez desde o início dos bombardeamentos a Gaza, Londres assistiu a um protesto nas ruas a juntar centenas de milhares de pessoas. Apesar da Páscoa e do Ramadão, os organizadores anunciaram a presença de 200 mil manifestantes na tarde de sábado.

Entre eles esteve o ex-líder trabalhista Jeremy Corbyn, que discursou no palco com fortes críticas ao governo conservador, à administração norte-americana e a outros países que continuam a promover o comércio de armas com Israel. Corbyn afirmou que o mundo está a assistir em tempo real na televisão "à destruição sem sentido da vida em Gaza".

Por entre um mar de bandeiras da Palestina encontravam-se também muitos grupos de judeus contra o ataque a Gaza e ouviram-se palavras de ordem como "Judeus contra o genocídio", "Parem de armar Israel", "Cessar fogo agora" ou "Rishi Sunak, não te podes esconder, vamos acusar-te de genocídio".

"Não podemos deixar que isto continue por mais uma geração", disse aos jornalistas o ator Khalid Abdalla, que fez o papel de Dodi Al Fayed na série "The Crown", acompanhado dos seus filhos na marcha, anets de ler em palco o poema “Se eu tiver de morrer”, de Refaat Alareer, morto em dezembro num bombardeamento em Gaza.

O Dia da Terra Palestina marca o aniversário do 30 de março de 1976, quando os militares israelitas mataram seis manifestantes em protestos contra o confisco das suas terras na Galileia, onde depois se construíram colonatos e um campo de treino militar.

Outros países assinalaram o dia com manifestações, como na Dinamarca, com cerca de 15 mil pessoas em Copenhaga. Em Deir Hanna, no norte de Israel, milhares de pessoas manifestaram-se, com os deputados árabes-israelitas na primeira linha da manifestação e grupos de judeus com slogans como "Judeus e árabes recusam-se a ser inimigos". "Viemos aqui em solidariedade com a multidão árabe para exigir o fim dos massacres perpetrados pelo governo israelita em Gaza e o fim da guerra", disse Eyal, um manifestante israelita de 33 anos, citado pela agência Lusa.

Em Lisboa, dezenas de pessoas manifestaram-se junto à estação do Rossio, em Lisboa. "Em cada ano é importante, mas este ano é mais importante. As pessoas em Gaza estão a morrer de fome", disse à RTP Maria Rossi, da Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina. Outra jovem presente no protesto acrescentou: "Sou judia e não aguento mais que a minha identidade seja usada como arma para o genocídio de outro povo. Estamos a assistir a uma fome em massa, roubos de terra, colonos que vão roubar terras para que os palestinianos nunca tenham o direito ao retorno. Assistimos a um genocídio absoluto, em que mulheres, crianças e homens inocentes estão a ser motos e humilhados".