A comunicação foi feita pela Administração da fábrica de Mem Martins (Sintra) no decorrer dos turnos, através do sistema interno. Visou demover os trabalhadores, sobretudo aqueles e aquelas que têm instabilidade de vínculo, trabalhadores precários, portanto, a não aderirem à convocatória de Greve Geral, aprovada no plenário de fábrica.
Ao longo do dia a Comissão de Trabalhadores e o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, trataram de repor a verdade, esclarecendo os trabalhadores que neste sector não há obrigação legal de prestar serviços mínimos.
A Kraft Food é um gigante mundial da confeitaria, conta com marcas como o café Kenco, o queijo creme Philadelphia, os chocolates Toblerone, Milka e Côte d'Or e as bolachas Oreo, Em 2006 comprou as bolachas Triunfo, mantendo a fábrica de Mem Martins em actividade.
A chantagem contra a Greve Geral sente-se entre os trabalhadores precários
No seu site, o movimento de precários Precários Inflexíveis denuncia que nos vários call-centers em Lisboa dos grandes operadores de telecomunicações nacionais, da zona que vai da Estefânia até aos Anjos, há relatos de pressões para que as pessoas trabalhem no dia da Greve Geral, abdicando da sua escolha pessoal sobre a adesão ou não.
Segundo o movimento, a maior parte dos trabalhadores destas empresas são precários e portanto “o seu isolamento permite que os chefes exerçam formas de chantagem encapotadas” e são referidas algumas delas: as empresas (os chefes/supervisores) estão a pressionar as pessoas para que venham com os seus carros particulares trabalhar ou afirmam que pagarão os táxis às pessoas, dizendo que “por falta de transporte as pessoas não podem faltar”.
Além disso, as empresas têm insistido em lançar a confusão, dizendo que “quem não vier no dia da greve tem falta injustificada”. Há ainda as que pressionam os trabalhadores afirmando que quem não vier trabalhar no dia da greve tem de ir trabalhar no Sábado para compensar e as que marcaram renovações ou assinaturas de contratos para a próxima quinta-feira, no dia que segue o da Greve Geral.
Já a FNAC, a conhecida mega-loja presente nos principais centros comerciais do país, pondera pagar, no dia da greve, as deslocações de táxi aos seus trabalhadores - na sua grande maioria com contratos precários ou contratados através de Empresas de Trabalho Temporário - e reembolsá-los por esta despesa. Segundo as informações recolhidas pelos Precários Inflexíveis, “alguns dos superiores hierárquicos até já se ofereceram para dar boleias de casa para a loja”.
Além disto, os mapas habituais de folgas foram alterados com base num “critério claro”: quem mora mais longe fica de folga nesse dia, e os trabalhadores que moram mais perto, e que eventualmente até se possam deslocar a pé de casa para a loja, ficam escalonados para trabalhar nesse dia.
O movimento lembra que os vínculos laborais destes trabalhadores são precários e que por isso é mais difícil que estes adiram à Greve. Ainda mais quando a FNAC elabora uma “plano de mobilidade” para furar as falta de transportes prevista para esse dia e para que tal não sirva de justificação para ausências, “o que poderia afectar mais um dia de facturação milionária”.