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Stayaway Covid, maioria desinstalou aplicação

O Inesc Tec, entidade que gere a aplicação de rastreamento da pandemia, culpa médicos e burocracia. A associação D3 diz que este “foi arrogante e precipitado ao não incluir fatores sociais elementares nos seus cálculos” e que é injusto culpar médicos.
StayAway Covid. Foto do Esquerda.net.
StayAway Covid. Foto do Esquerda.net.

Era ser lei e para chegar aos telemóveis de todos os portugueses. Até daqueles que não possuem tecnologia para tal. Mas a StayAway ficou longe do que prometeu. Em cinco meses, só foram enviados 2708 alertas de contágio e 60% das pessoas que a instalaram, ou seja 1,8 milhões, acabaram por a desinstalar.

A notícia do Público desta sexta-feira vem acompanhada das explicações do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (Inesc Tec), a entidade que gere a aplicação móvel. José Manuel Mendonça considera que “as pessoas estão a perder a confiança na app porque não há códigos”. Apenas 24% dos 11 mil códigos gerados foram utilizados. E começa por culpar disso os médicos que “estão mal informados sobre a forma como a app funciona e onde se encontram os códigos”.

Para solucionar esta situação, a aplicação foi atualizada para que os códigos sejam enviados diretamente. A 20 de novembro foi pedida a autorização da Comissão Nacional de Proteção de Dados para isto entrar em vigor mas a sua porta-voz “aguarda a submissão da avaliação de impacto para controlo prévio” que deve ser feita pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

Inesc Tec foi arrogante e precipitado, diz associação

Uma visão diferente do que se passou com a Stayaway Covid tem a associação D3 – Defesa dos Direitos Digitais. Esta emitiu uma nota em que critica a entidade que a gere, nomeadamente por lançar as culpas nos médicos, “encontrar desculpas para o não funcionamento da app e disparar culpas em todas as direções, menos para si próprio”.

A D3 pensa que “num momento tão crítico como aquele que vivemos, é imperdoável pressionar ainda mais os médicos com críticas injustas. Sugerir que profissionais altamente capacitados como os médicos não conseguem carregar em botões, ou que precisam de formação para carregar em botões, serve somente o propósito de desviar as culpas sobre a ineficácia da app".

Para estes ativistas, “o Inesc Tec foi arrogante e precipitado ao não incluir fatores sociais elementares nos seus cálculos e promessas sobre a eficácia da app. Infelizmente, a arrogância continua: a app não funciona (como já tínhamos avisado), mas a culpa naturalmente não é deles”.

Apelam assim a que se aceita que a aplicação “não é uma forma fiável de limitar a progressão da pandemia"”, que a entidade que o gere “assuma a responsabilidade pela enorme distração que proporcionou à sociedade portuguesa e que, em nome da integridade científica, saiba admitir que a sua experiência falhou" e que se dê “por encerrado este projeto, que já há muito deu o pouco que tinha a dar".

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