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SOS Animal pede o fim das corridas de galgos

A associação apresentou uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela proibição das corridas de galgos em Portugal. Estes animais são treinados de forma desgastante e violenta desde os dois meses e muitas vezes abandonados ou mortos aos dois anos, quando são considerados demasiado velhos para correr.
SOS Animal pede o fim das corridas de galgos
Imagem de galgo abandonado em Beja, em avançado estado de subnutrição e posteriormente resgatado. Foto de KateFriends.

A associação SOS Animal apresentou uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos que propõe o fim das corridas de cães em Portugal. Naquilo que identifica como um negócio milionário, a associação chama a atenção para o facto de não estar em causa a possibilidade de os cães correrem de forma livre, mas sim num contexto em que correm “dopados, com coleiras de choque”, sofrendo “maus tratos antes, durante e após as corridas, serem abandonados, encarcerados e forçados a dar sangue o resto da vida, ou mesmo abatidos quando já não servem este propósito de entretenimento humano”.

Os galgos, os cães maioritariamente utilizados nas corridas de apostas, começam a ser treinados para este fim com apenas dois ou três meses de idade. Quando atingem os dois anos de vida são considerados demasiado velhos. Durante os dois anos em que são forçados a correr, são “submetidos a treinos violentos e desgastantes para a saúde, a vidas miseráveis e indignas, culminando muitas vezes na morte ou no abandono”, denuncia a SOS Animal. A associação chama a atenção para o facto de nesta atividade serem comuns dois tipos de crimes: maus tratos e abandono de animais.

“No caso particular de galgos, estes apresentam uma musculatura ‘extremamente desenvolvida, principalmente a nível de peito e dos cortes traseiros, onde normalmente não têm pelo, por causa dos treinos com noras metálicas’. As noras são dispositivos horizontais e mecanizados, segmentados por chapas metálicas eletrificadas, e que rodam a velocidades excessivas, obrigando os cães a correrem em círculos. Quando os cães não acompanham o ritmo, são-lhes infringidos choques elétricos. Durante as corridas, os cães podem atingir 60 Km/h, ficando as suas patas gravemente feridas, devido ao rápido desgaste das almofadas plantares num atrito tão violento com o solo, solo este, na maior parte das vezes, a carecer de condições”, lê-se na exposição de motivos.

Os estudos desenvolvidos a nível mundial por organizações de defesa de direitos dos animais alertam também para o facto de, nas corridas de galgos, ser recorrente a administração de substâncias proibidas ou não registadas, “promovendo o tráfico de estupefacientes”, o recurso a tratamentos e atos médicos efetuados por indivíduos sem formação médico-veterinária e cédula profissional e os altos índices de taxas de mortalidade destes animais e baixos índices de esperança média de vida.

No mesmo dia em que foi entregue na Assembleia da República a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, a TVI transmitiu uma reportagem sobre o mesmo tema.

Os ativistas chamam também a atenção para uma reportagem da revista Visão que entrevistou vários galgueiros. Nela, foram vários os admitiram que “a tendência atual é a de a segmentar com redes inflexíveis, colocando nos cães coleiras eletrificadas, com pequenos choques (e emissão de um som) infligidos por controlo remoto nos galgos que fiquem para trás. É que há o risco de esses retardatários partirem uma pata, caso fique presa num buraco da rede. Aí, são para deitar fora”.

A própria SOS Animal confirma que todos os anos são recolhidos cerca de cem galgos abandonados na rua. Estes animais apresentam “cicatrizes nos focinhos, por causa dos açaimes, e no pescoço, culpa do corte para extraírem chip”. Os chips são removidos e as tatuagens das orelhas raspadas a sangue frio para não ser possível identificar e responsabilizar legalmente as pessoas que os abandonaram.

A Iniciativa Legislativa de Cidadãos tem por isso como objetivo o estabelecimento da proibição das corridas de cães em Portugal, mais concretamente “todos os eventos que envolvam a instigação à corrida, por via de isco vivo ou morto (recorrentemente lebres), ou mesmo sem isco” de cães “em pistas, amadoras ou profissionais, instalações, terrenos ou outros tipos de espaço, públicos ou privados, com fins competitivos e/ou recreativos”. Está também ainda aberta a subscrições uma Petição Pública com o mesmo objetivo. No momento da publicação desta notícia contava com 11 672 assinaturas.

O Bloco de Esquerda já tinha apresentado no passado mês de junho na Assembleia da República um projeto de lei que tinha como fim a proibição das corridas de galgos e outros cães.

Em Portugal estão identificadas seis pistas amadoras nas quais são organizadas corridas de cães num campeonato nacional. Ao longo do ano são organizadas corridas em Vila Nova de Famalicão, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Bombarral, Alenquer e Cuba do Alentejo. Estão também registados 23 galgueiros nacionais com certificação. Estes criadores estão listados numa base de dados internacional , gerida por apostadores profissionais.

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