You are here

Ryanair despede trabalhadores por “represália”, denuncia sindicato

De acordo com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, a empresa aeronáutica iniciou “um novo processo de despedimento coletivo, agora na Base de Lisboa, envolvendo seis tripulantes, que curiosamente recusaram assinar uma adenda” que é “ilegal”.
Fotografia de Aurelijus Valeiša/Flickr.

Em declarações ao Jornal Económico, Ricardo Penarroias, diretor do SNPVAV – Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil com o pelouro da Ryanair, referiu que “esta situação se enquadra na forma de atuar da Ryanair, que ao mesmo tempo que revela que vai comprar mais 50 aviões Boeing, também avança com a redução de tripulantes apenas para baixar os custos de operação”.

 

De acordo com o SNPVAC, “este processo não passa de uma represália aos tripulantes envolvidos”. O Sindicato contraria “o argumento que haja um excesso de tripulantes nas bases em Portugal”, e realça que “a companhia, poderia optar por medidas previstas na lei, tal como o fez em abril e maio, e que atenuariam os seus custos, sem ter que recorrer ao despedimento”.

A Direção do SNPVAC sente-se “enganada, dado que nas últimas semanas, demonstrou total disponibilidade para conversar, dialogar, negociar, mesmo que, para tal, tivesse de ultrapassar determinados estatutos”, dado que acreditava “que as duas instituições estariam verdadeiramente empenhadas em encontrar uma solução séria e credível para não haver despedimentos”.

Este novo despedimento coletivo surge após o anúncio por parte da Ryanair do “aumento dos voos para o Porto em dezembro e janeiro, como resultado do aumento da procura neste Natal”, além da divulgação da “aquisição de 75 Boeing 737 Max, o que demonstra a perspetiva de crescimento já no próximo ano, dado que o próprio CEO da Ryanair, Michael O’Leary, esperava receber 50 aviões deste modelo já em 2021”, aponta o SNPVAC.

A estrutura sindical denuncia que a Ryanair pretende “recorrer a tripulantes de outras bases em lay off, para colmatar a escassez de trabalhadores nas bases em Portugal, provocada pelo aumento do numero de voos”. Ao mesmo tempo está “a realizar cursos de formação para novos tripulantes”, já que “as últimas previsões apontam para uma retoma efetiva já a partir de 2021, muito influenciado pelo surgimento da vacina que originou um forte aumento na procura e nas reservas”.

A Direção do SNPVAC questiona como é que “a Ryanair chegou a acordo com outras classes profissionais da empresa, pois se os tripulantes da Ryanair sempre estiveram recetivos e disponíveis para encontrar soluções justas e equitativas nomeadamente, baixar vencimentos, recorrer a part-time e até licenças sem vencimentos”. “De que mais deveriam os tripulantes de cabine abdicar? Dos seus direitos consagrados na lei portuguesa?”, acrescenta o Sindicato.

A estrutura sindical acusa a Ryanair de continua r“a brindar-nos com as suas afirmações de desrespeito ao país e as suas leis”: “As recentes declarações do seu presidente sobre uma instituição como a ACT e os seus inspetores são a demonstração cabal da prepotência e arrogância com que esta empresa encara o nosso País e tudo com a aceitação e conivência tanto de certas autarquias, grupos económicos e do próprio Estado”, frisa.

O SNPVAC já solicitou uma audiência ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que visa “denunciar aquilo que considera um autêntico ataque a uma classe, bem como, denunciar, uma vez mais, a total conivência das instituições regionais e nacionais deste país, que permitem que uma empresa que atropela constantemente a lei, seja premiada com incentivos e subsídios, prejudicando assim as companhias nacionais que cumprem com a lei”.

De acordo com o Sindicato, a Ryanair retomou, “a 1 de dezembro, o processo do despedimento coletivo dos tripulantes de cabine na base do Porto, que atinge 23 tripulantes”.

Termos relacionados Sociedade
(...)