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RTP2 exibe documentário sobre Cesina Bermudes

Cesina Bermudes foi a primeira mulher a doutorar-se em medicina em Portugal. Pioneira do parto sem dor, foi uma resistente antifascista, que, entre várias outras atividades, ajudou no parto muitas mulheres na clandestinidade. O filme “Cesina Bermudes – Uma Vida Só Não Basta”, realizado por Cristina Ferreira Gomes, será exibido quarta-feira, dia 6, na RTP2, pelas 22h55.
Foto que consta do registo criminal de Cesina Bermudes.

Cesina Borges Adães Bermudes nasceu em Lisboa a 20 maio de 1908 e morreu a 9 de dezembro de 2001, com 93 anos. Foi médica, obstetra, investigadora e feminista.

Única rapariga numa turma de quinze rapazes do Liceu Camões, licenciou-se posteriormente em Medicina em 1933. Fez o Internato Geral em 1933/34 e o internato de cirurgia em 1937/38. Após ser assistente na cadeira de Anatomia e Clínica Geral, Cesina Bermudes especializou-se em Obstetrícia.

Em 1947, prestou provas de doutoramento, obtendo a nota de dezanove valores. Contudo, o regime salazarista travou a sua carreira de docente em medicina, tendo sido professora de Puericultura nas escolas industriais. Em 1954, partiu para Paris para estudar o que de mais avançado havia na área dos partos. Na sequência da sua permanência na capital francesa, foi uma das introdutoras das técnicas do “parto psicoprofilático” em Portugal.

Na década de 40, Cesina Bermudes envolveu-se intensamente na oposição ao salazarismo. Em 1945 assinou as listas do MUD, subscrevendo a constituição neste movimento de uma Comissão de Mulheres.

Em 1948-1949, participou na campanha presidencial do General Norton de Matos, integrando a direção da Comissão Eleitoral Feminina em Lisboa.

Em 14 de outubro de 1949, foi presa por integrar a Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminino. Submetida a vários interrogatórios, permaneceu prisão no Forte de Caxias, de onde foi libertada três meses depois, a 14 de janeiro de 1950.

Em 1950, esteve envolvida na constituição do Comité Nacional de Defesa da Paz, a par de Maria Isabel Aboim Inglês, Maria Lamas e Virgínia Moura.

Integrou, juntamente com as escritoras Maria Lígia Valente da Fonseca Severino e Natália Correia, a Comissão Cívica Eleitoral de Lisboa, uma iniciativa da Oposição com o objetivo de intervir legalmente nas eleições.

Apoiou a candidatura de Arlindo Vicente e, depois, a do General Humberto Delgado.

Cesina Bermudes prestou assistência médica a mulheres clandestinas do Partido Comunista Português, nomeadamente na ajuda a parturientes que viviam na clandestinidade.

Pertenceu, desde 1927, à Sociedade Teosófica, onde desempenhou as funções de secretária-geral. Cesina Bermudes acreditava na reencarnação e seguia uma alimentação vegetariana. Desportista, foi campeã de natação e participou em corridas de bicicletas e de automóveis.

O filme “Cesina Bermudes – Uma Vida Só Não Basta”, realizado por Cristina Ferreira Gomes, será exibido a 6 de Março na RTP2, pelas 22h55.

Ver a biografia completa de Cesina Bermudes, da autoria de Helena Pato, na página Antifascistas da Resistência.

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