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“Precisamos fazer um trabalho muito grande” contra violência doméstica

Marisa Matias reuniu em Braga com associações de combate à violência doméstica e no namoro e destacou a importância do seu trabalho. Antes tinha estado no Porto onde defendeu que a antiga sede da PIDE seja transformada num museu para “preservar a memória dos tempos das trevas”.
Marisa Matias encontra-se com associações de combate à violência doméstica e no namoro. Novembro de 2020. Foto de Ana Mendes.Marisa Matias encontra-se com associações de combate à violência doméstica e no namoro. Novembro de 2020. Foto de Ana Mendes.
Marisa Matias encontra-se com associações de combate à violência doméstica e no namoro. Novembro de 2020. Foto de Ana Mendes.

Na manhã deste sábado, Marisa Matias encontrou-se em Braga com associações de combate à violência doméstica e no namoro. A candidata presidencial foi ouvir os problemas com que se deparam e agradeceu-lhes pelo seu trabalho e pelas “pistas dadas, garantindo que “esta é uma questão que não vamos deixar e precisamos de fazer um trabalho muito grande”.

Marisa acredita que “enfrentar uma situação de violência doméstica requer uma coragem imensa para fazer uma denúncia e um corte com uma relação abusiva. A pessoa fica exposta a grandes mudanças na sua vida e não há uma resposta à coragem dessa pessoa.”

A eurodeputada mostrou ainda preocupação com o número de queixas de violência doméstica que acabam por ser arquivadas, destacando que “é preciso é tentar evitar que se chegue a essa situação”. Isto porque num crime de violência doméstica o” arquivamento desprotege ainda mais a vítima e cria ainda mais uma sensação de impunidade para os agressores o que desmobiliza outras vítimas a poderem seguir esse caminho”. E sublinhou a a necessidade “de cruzar informação”, de ter mais “formação de profissionais” e prevenção.

A pandemia piorou a situação, dizem associações

Do lado das associações presentes escutou-se que este é um dos crimes com mais taxa de reincidência, que a maioria das vítimas têm filhos “que são vítimas também” e que, para além da violência na relação amorosa, também nas outras relações familiares aumentaram as agressões.

A pandemia aumentou os casos de violência uma vez que “o convívio com o agressor tornou-se mais constante, principalmente nos primeiros meses”. E as situações de carência económica pioram tudo. Se as vítimas não têm trabalho, têm dificuldades acrescidas para saírem da situação de violência: “supostamente, existem mecanismos que garantem uma solução para essas vítimas, mas não são colocados em prática”, denunciou-se.

Neste contexto, os pedidos de ajuda alimentar e de produtos de higiene básica cresceram “muito” e tem havido dificuldades de articulação, nomeadamente com a Segurança Social, sendo as respostas “mais tardias” e fazendo que as vítimas, por vezes, fiquem à espera um mês, o que “numa situação de violência doméstica diária, pode ser uma tragédia”, declararam as responsáveis associativas presentes.

Também a falta de profissionais com formação nestas matérias foi uma preocupação constante desta conversa. Faltam equipas com “conhecimento suficiente nos hospitais” e “em Braga há só um agente, em todo o distrito, com formação para trabalhar com vítimas de violência doméstica”, ouviu-se dizer.

Preservar a memória do antifascismo

Antes deste encontro, a candidata presidencial tinha estado no Porto onde defendeu a transformação do atual Museu Militar do Porto, instalado na antiga sede da PIDE, no Museu da Resistência e Liberdade do Porto, uma vez que “mais do que nunca é importante preservar a memória do antifascismo”.

Para Marisa Matias, "é preservando lugares assim que conseguimos perceber o que foi o fascismo e os seus impactos e perceber que não queremos voltar ao fascismo". A “preservação da memória é “uma luta importante” porque a “memória dos tempos das trevas” contribui para “evitar que a democracia seja novamente posta em causa”.

Presente na mesma ação, José Castro, ex-preso político, concorda. O deputado bloquista na Assembleia Municipal do Porto faz parte dos 50 subscritores que apoiam a criação de um museu da resistência. Recordou que “neste edifício estiveram centenas de antifascistas” e que é importante “reforçar a ideia da importância deste edifício onde atualmente está instalado o museu militar passe a ser um espaço que lembre a memória da resistência ao regime fascista e à polícia política da PIDE.”

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