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Carta Aberta quer museu da resistência ao fascismo no Porto

Um documentário, um projeto de resolução na Assembleia da República e agora uma carta aberta. Estes são os meios que estão a ser utilizados para promover a iniciativa que visa tornar a antiga sede da PIDE no Porto num “lugar de memória do anti-fascismo”.
A última destas iniciativas é promovida pelo deputado Luís Monteiro e pelo antigo deputado municipal no Porto e ex-preso político José Castro. E foi subscrita por outros ex-presos políticos e várias personalidades da área da cultura, músicos, escritores, atores, investigadores e historiadores.
Estas cinquenta pessoas juntam-se para apelar à criação deste museu uma vez que “é um imperativo preservar a memória coletiva da luta contra o fascismo na cidade do Porto e em todo o norte do país”, uma memória que “não tem ainda um espaço museológico adequado, algo que pode ser colmatado” com este novo museu a que pretendem chamar, o Museu da Resistência e da Liberdade”.
Para justificar a sua causa, invocam a comemoração dos 45 anos da Revolução do 25 de abril e lembram que foi recentemente inaugurado o Museu da Resistência e Liberdade no Forte de Peniche que se juntou assim ao já existente Museu nas antigas instalações do Aljube, em Lisboa.
Para além da criação deste museu dedicado à memória da resistência ao fascismo, os subscritores da carta aberta propõem ainda “novas instalações dignas para o Museu Militar do Porto”. O espaço que tinha sido a sede da PIDE/DGS no Porto é inadequado para esta finalidade, não podendo, por exemplo, albergar as peças maiores que seria suposto exibir neste âmbito. Sugerem assim a sua deslocalização o que melhoraria as suas condições.
Fazer na Rua do Heroísmo um museu dos resistentes
José Castro, ex-preso político e integrante do movimento “Não Apaguem a Memória”, há muito que tem dado a cara por esta causa. Aliás, enquanto membro do Bloco na Assembleia Municipal do Porto tinha já levado esta ideia a votação.
Castro lembra também que o movimento “Não Apaguem a Memória” foi constituído para assegurar que não se perdesse a memória do que aconteceu na sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, quando o edifício foi ameaçado por um grande projeto imobiliário. No Porto, este mesmo movimento desde sempre assumiu a bandeira de preservar a memória do que aconteceu nas instalações da Rua do Heroísmo.
O ex-preso político sugere ainda criação de uma rede que ligue os vários núcleos museológicos sobre a resistência anti-fascista já existentes com aquele que se pretende criar. José Castro defende que esta seria a melhor forma de preservar a memória do que aconteceu aos milhares de presos que passaram por aquelas instalações mas também de fazer pedagogia para as futuras gerações e de promover a investigação para que se conheça melhor o que foi o salazarismo. Por tudo, isto José Castro reafirma que não só é “oportuno” aproveitar a comemoração dos 45 anos do 25 de abril para criar este museu como é “desejável” fazê-lo para que não se apague a memória.
Subscreveram a carta aberta, por ordem alfabética:
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Adelaide Teixeira – Atriz
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Alda de Sousa – Investigadora
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Alexandre Alves Costa – Arquiteto
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Alice Duarte – Antropóloga
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Ana Deus – Música (Três Tristes Tigres, BAN)
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Ana Luísa Amaral – Escritora
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Ana Sofia Ferreira – Investigadora
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António Capelo – Ator
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Avelino Azevedo – Professor; Presidente da CNAPEF
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Capicua – Música
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Celso Cruzeiro - Advogado
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Cláudio Torres - Arqueólogo
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Diana Andringa – Jornalista
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Domicília Costa – Resistente Antifascista
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Elísio Teixeira – Movimento “Não Apaguem a Memória”
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Fernando Rosas – Historiador
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Francisco Fanhais - Músico
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Gaspar Martins Pereira – Historiador
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Helena Pato – Professora aposentada
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Jacinta Bugalhão – Arqueóloga
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João Teixeira Lopes – Sociólogo
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Joel Cleto – Historiador (Porto Canal)
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Jorge Campos – Cineasta
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Jorge Carvalho (Pisco) – Ex-preso político
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José Castro – Ex-preso político; Movimento “Não Apaguem a Memória”
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José Mário Branco – Músico
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Júlio Machado Vaz – Médico
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Luís Farinha – Diretor do Museu do Aljube
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Luís Monteiro – Museólogo
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Luís Raposo – Arqueólogo, Presidente do ICOM Europa
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Luís Tavares - Engenheiro
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Manuel Loff – Historiador
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Maria Alice Samara – Historiadora
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Maria Rodrigues – Ex-presa política
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Mário Brochado Coelho – Advogado
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Miguel Cardina – Historiador
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Miguel Cerqueira – Músico (Trabalhadores do Comércio)
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Miguel Guedes – Músico (Blind Zero)
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Pedro Lamares – Ator
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Raúl Simões Pinto - Escritor
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Richard Zimler – Escritor
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Rui Bebiano – Investigador
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São José Lapa – Atriz
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Sérgio Godinho – Músico
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Sérgio Valente – Fotógrafo; Ex-preso político
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Serjão – Músico (Trabalhadores do Comércio)
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Siza Vieira – Arquiteto
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Sousa Dias – Filósofo
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Souto Moura - Arquiteto
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Zélia Afonso – Resistente antifascista
Pode ler o Projeto de Lei do Bloco aqui.
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