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Lavrov foi ao Sudão apoiar os mercenários do grupo Wagner

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo terminou o seu périplo por África ao lado da junta militar golpista sudanesa, país onde espera construir uma base naval. Os peritos da ONU pedem uma investigação independente a crimes de guerra do Wagner no Mali.
Sergey Lavrov com o líder golpista Abdel Fattah al-Burhan. Foto do ministério russo dos Negócios Estrangeiros/Lusa.

O périplo do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, por África chegou ao fim na quinta-feira com uma visita ao Sudão. Aí, defendeu explicitamente a atividade do grupo de mercenários Wagner, criticado por vários abusos por organizações de defesa dos direitos humanos e que é também acusado de estar ao serviço do Kremlin.

Para o governante russo, este grupo paramilitar está em vários países de África “a pedido dos governos africanos para ajudar a normalizar a situação na região face à ameaça terrorista”. O Wagner tem presença neste continente pelo menos na República Centro-Africana, no Mali e no Burkina Faso. Já para não referir a sua intervenção nas guerras da Líbia e da Síria, para além de ser um elemento importante na invasão da Ucrânia.

No Sudão, Lavrov encontrou-se com a junta militar no poder que fez um golpe de Estado a 25 de outubro de 2021 e que está a reprimir uma revolta popular democrática, declarando ainda apoio contra as sanções impostas pela ONU e prometendo “cooperação económica e investimentos”. A Al Jazeera informa ainda que os golpistas ponderam deixar a Rússia abrir uma base naval na costa do Mar Vermelho.

Oficialmente, o governo sudanês nega a presença do grupo Wagner neste país mas o mesmo órgão de comunicação social cita fontes ocidentais que garantem que este está presente e a “expandir a mineração de ouro, entre outras atividades”. A empresa que lhe serve de fachada, a M-Invest, terá ganho vários concursos de exploração de minas de ouro

Mali: peritos da ONU apelam a uma investigação aos crimes do Wagner

A semana passada, a ONU tinha informado que os seus peritos apelavam a uma investigação independente a “abusos grosseiros dos direitos humanos e possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade” cometidos pelo governo do Mali e pelo grupo Wagner desde 2021.

Os especialistas “têm recebido relatos persistentes e alarmantes de execuções horrorosas, sepulturas em massa, atos de tortura, violações e violência sexual, pilhagem, detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados”. Afirmam-se “particularmente preocupados com os relatórios credíveis de que ao longo de vários dias no final de março de 2022, as forças armadas malianas, acompanhadas por pessoal militar que se acredita pertencer ao grupo Wagner, executou várias centenas de pessoas” em Moura, uma aldeia do centro do Mali. A maioria das vítimas eram da minoria Peuhl.

Para os peritos da ONU, o uso de mercenários e companhias militares privadas “apenas exacerba o ciclo de violência e impunidade prevalecente no país”. As vítimas deste grupo “enfrentam muitas dificuldades no acesso à justiça e reparação para os abusos dos direitos humanos” isto “particularmente dado o segredo e opacidade” que envolvem as atividades do grupo. Referem-se ainda “represálias contra quem se atreva a falar, criando um clima generalizado de terror e completa impunidade”.

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