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Governo catalão condena violência em mais uma noite de confrontos
Ao terceiro dia de protestos nas ruas contra as sentenças que condenaram os líderes políticos e sociais do processo do referendo de 2017, a violência tomou conta das ruas de Barcelona, com numerosas cargas policiais sobre manifestantes, disparos de balas de borracha e a resposta de alguns grupos munidos de cocktails molotov.
Um sindicato da polícia acusou também os Comités de Defesa da República (CDR), que convocaram a principal ação de protesto na cidade ao fim da tarde de quarta-feira, de lançarem foguetes contra um helicóptero policial.
A concentração dos CDR juntou milhares de pessoas em Barcelona. A convocatória pedia que os manifestantes trouxessem papel higiénico, alegando que “temos muito merda para limpar”, embora no local as opiniões se dividissem sobre o principal alvo dessa “limpeza”: ou a justiça que produziu a sentença; ou a polícia que reprimiu os manifestantes; ou ainda o governo catalão e em especial o responsável pela pasta do Interior, Miquel Buch.
Gran Via amb Marina. Right now. MOLTA MERDA PER NETEJAR. pic.twitter.com/dBn6I7TlRh
— Sergi Pinkman (@sergipinkman) October 16, 2019
Como na véspera, as primeiras cargas policiais deram lugar a confrontos e ergueram-se barricadas com contentores do lixo em chamas em muitas ruas. Mas desta vez houve muitos automóveis queimados e os confrontos com a polícia repetiram-se quarteirão a quarteirão, com avanços e recuos de parte a parte. Por volta da meia noite, o balanço de feridos era de 32 em Barcelona e outros 20 noutras regiões da Catalunha. O ferido em estado grave foi um manifestante atropelado por uma carrinha da polícia em Tarragona.
HAN ATROPELLAT GENT A TARRAGONA!!! DIFUSIÓ SI US PLAU!!! #tarragona #tsunamidemocractic @tsunami_dem pic.twitter.com/FcVqCxxSyu
— rehtse_alaxia (@rehtse_alaxia) October 16, 2019
Quim Torra: “Isto tem de acabar agora mesmo”
Logo após a meia noite, quando ainda reinava o caos nalgumas zonas da cidade, o líder do governo catalão fez uma declaração ao canal público de televisão da Catalunha, condenando a violência e dando a entender que ela está a ser instigada por “grupos de infiltrados e provocadores” para provocar o aumento da repressão por parte do Estado espanhol. “O independentismo constrói, não destrói. Não está contra ninguém, está a favor de todos. Por isso apelo à serenidade, determinação, civismo e não violência”, afirmou Quim Torra.
El moviment independentista no és violent i no s’ha de caure en el parany ni en provocacions. L’independentisme construeix, no destrossa. No va contra ningú, va a favor de tots. Per això demano serenitat, determinació, civisme i no-violència pic.twitter.com/ISm7e3ZkGg
— Quim Torra i Pla (@QuimTorraiPla) October 16, 2019
“Não podemos permitir os incidentes a que estamos a assistir nas ruas do nosso país. Isto tem de acabar agora mesmo. Não há razão nem justificação para queimar carros”, afirmou Quim Torra, apelando à serenidade e à não violência. O líder do executivo catalão não escondeu a sua indignação por ver que as imagens dos confrontos nas ruas de Barcelona ofuscaram as das “marchas pela liberdade” que juntaram dezenas de milhares de pessoas no primeiro dia.
Pas a pas, desbordem les carreteres. No acceptem una sentència que condemna drets fonamentals. Contra la sentència, independència!
Forma part de la història. Avui, demà i divendres, participa a les https://t.co/j8XZZ1F2im#MarxesxLlibertat#ObjectiuIndependència pic.twitter.com/O7sOrGarRl
— Assemblea Nacional (@assemblea) October 16, 2019
O próprio Quim Torra participou numa destas marchas, ao lado do ex-presidente do governo do País Basco, Juan José Ibarretxe. A ida do chefe da Generalitat num momento de crise a uma iniciativa que está a provocar cortes de estradas em várias zonas da Catalunha valeu-lhe críticas à esquerda e à direita.
Moltes gràcies, Lehendakari Ibarretxe, per haver volgut acompanyar-nos a la #marxaperlallibertat de Girona. Units, cívics i pacífics. Perquè la violència no ens representa i el sentit de justícia ens empeny. https://t.co/vLYzBMWtFn
— Quim Torra i Pla (@QuimTorraiPla) October 16, 2019
Madrid também se manifestou ao lado dos catalães
Com uma enorme bandeira republicana com um laço amarelo, símbolo da campanha pela libertação dos presos políticos, alguns milhares de pessoas manifestaram-se na Porta do Sol madrilena com slogans de solidariedade com os independentistas catalães condenados pelo esta semana pelo Supremo Tribunal espanhol. “Não há democracia sem o direito a decidir” foi um desses slogans.
Para estes manifestantes, não é só o independentismo que a sentença condenatória toma como alvo, mas qualquer ato de desobediência civil e coletiva, abrindo assim um precedente perigoso que pode voltar a ser aplicado noutro contexto. Na prática, é o protesto social que passou a ser criminalizado com esta sentença, defendem.
Outra das críticas sublinhadas no manifesto lido no final da concentração foi à resposta do Estado espanhol à sentença, ao rejeitar o diálogo e reforçar a repressão com a emissão de novos pedidos de extradição dos exilados, o envio de polícias para a Catalunha ou a ameaça de aplicação do artigo 155.
Esta manifestação foi alvo de uma provocação por parte de algumas dezenas de elementos neonazis, com o serviço de ordem da manifestação a evitar que os confrontos subissem de tom. A polícia interveio de seguida, afastando o grupo neonazi da Porta do Sol.
El Madrid del No Pasarán se solidariza con el pueblo catalán. Exigimos la amnistía para las presas políticas y el fin de la represión. Nos jugamos mucho, nuestros derechos civiles y políticos #TsunamicDemocratic#SpainIsAFascistEstate
"Els carrers seran sempre nostres" pic.twitter.com/PFppn6DLO2
— Rommy Arce (@rommyarce) October 16, 2019
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