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Governo catalão condena violência em mais uma noite de confrontos

Pela terceira noite consecutiva, o centro de Barcelona foi palco de confrontos com a polícia e barricadas nas ruas. “Não podemos permitir que grupos de infiltrados e provocadores destruam a imagem dos catalães”, afirmou o líder da Generalitat.
Barricada a arder em Barcelona
Foto Toni Albir/EPA

Ao terceiro dia de protestos nas ruas contra as sentenças que condenaram os líderes políticos e sociais do processo do referendo de 2017, a violência tomou conta das ruas de Barcelona, com numerosas cargas policiais sobre manifestantes, disparos de balas de borracha e a resposta de alguns grupos munidos de cocktails molotov.

Um sindicato da polícia acusou também os Comités de Defesa da República (CDR), que convocaram a principal ação de protesto na cidade ao fim da tarde de quarta-feira, de lançarem foguetes contra um helicóptero policial.

A concentração dos CDR juntou milhares de pessoas em Barcelona. A convocatória pedia que os manifestantes trouxessem papel higiénico, alegando que “temos muito merda para limpar”, embora no local as opiniões se dividissem sobre o principal alvo dessa “limpeza”: ou a justiça que produziu a sentença; ou a polícia que reprimiu os manifestantes; ou ainda o governo catalão e em especial o responsável pela pasta do Interior, Miquel Buch.  

Como na véspera, as primeiras cargas policiais deram lugar a confrontos e ergueram-se barricadas com contentores do lixo em chamas em muitas ruas. Mas desta vez houve muitos automóveis queimados e os confrontos com a polícia repetiram-se quarteirão a quarteirão, com avanços e recuos de parte a parte. Por volta da meia noite, o balanço de feridos era de 32 em Barcelona e outros 20 noutras regiões da Catalunha. O ferido em estado grave foi um manifestante atropelado por uma carrinha da polícia em Tarragona.

Quim Torra: “Isto tem de acabar agora mesmo”

Logo após a meia noite, quando ainda reinava o caos nalgumas zonas da cidade, o líder do governo catalão fez uma declaração ao canal público de televisão da Catalunha, condenando a violência e dando a entender que ela está a ser instigada por “grupos de infiltrados e provocadores” para provocar o aumento da repressão por parte do Estado espanhol. “O independentismo constrói, não destrói. Não está contra ninguém, está a favor de todos. Por isso apelo à serenidade, determinação, civismo e não violência”, afirmou Quim Torra.

“Não podemos permitir os incidentes a que estamos a assistir nas ruas do nosso país.  Isto tem de acabar agora mesmo. Não há razão nem justificação para queimar carros”, afirmou Quim Torra, apelando à serenidade e à não violência. O líder do executivo catalão não escondeu a sua indignação por ver que as imagens dos confrontos nas ruas de Barcelona ofuscaram as das “marchas pela liberdade” que juntaram dezenas de milhares de pessoas no primeiro dia.

O próprio Quim Torra participou numa destas marchas, ao lado do ex-presidente do governo do País Basco, Juan José Ibarretxe. A ida do chefe da Generalitat num momento de crise a uma iniciativa que está a provocar cortes de estradas em várias zonas da Catalunha valeu-lhe críticas à esquerda e à direita.

Madrid também se manifestou ao lado dos catalães

Com uma enorme bandeira republicana com um laço amarelo, símbolo da campanha pela libertação dos presos políticos, alguns milhares de pessoas manifestaram-se na Porta do Sol madrilena com slogans de solidariedade com os independentistas catalães condenados pelo esta semana pelo Supremo Tribunal espanhol. “Não há democracia sem o direito a decidir” foi um desses slogans.

Para estes manifestantes, não é só o independentismo que a sentença condenatória toma como alvo, mas qualquer ato de desobediência civil e coletiva, abrindo assim um precedente perigoso que pode voltar a ser aplicado noutro contexto. Na prática, é o protesto social que passou a ser criminalizado com esta sentença, defendem.

Outra das críticas sublinhadas no manifesto lido no final da concentração foi à resposta do Estado espanhol à sentença, ao rejeitar o diálogo e reforçar a repressão com a emissão de novos pedidos de extradição dos exilados, o envio de polícias para a Catalunha ou a ameaça de aplicação do artigo 155.

Esta manifestação foi alvo de uma provocação por parte de algumas dezenas de elementos neonazis, com o serviço de ordem da manifestação a evitar que os confrontos subissem de tom. A polícia interveio de seguida, afastando o grupo neonazi da Porta do Sol.

 

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