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Catalunha marcha pela liberdade após noite de violência nas ruas
O levantamento popular catalão contra o julgamento dos independentistas prossegue esta quarta-feira. Milhares de manifestantes estão nas estradas em cinco “Marchas pela Liberdade” oriundas de Girona, Tarragona, Vic, Berga e Tàrrega. Todas rumam a Barcelona, onde devem chegar na sexta-feira, dia de greve geral na Catalunha. As marchas irão complicar ainda mais o trânsito nos principais acessos à capital catalã e são convocadas pela Assembleia Nacional Catalã, Òmniu Cultural e Comités de Defesa da República, com a participação de familiares dos presos do “procés”.
No hi ha barrera que pugui amb la força de la gent
La columna gironina arriba a Riudellots de la Selva! T’hi afegeixes? #MarxesXLlibertat#ObjectiuIndependència pic.twitter.com/TmSvJH1LJI— Assemblea Nacional (@assemblea) October 16, 2019
A noite de terça-feira em Barcelona ficou iluminada pelas fogueiras das barricadas nas ruas, erguidas pelos manifestantes em protesto contra as sentenças do Supremo que condenaram os líderes políticos e sociais do processo que levou ao referendo de 1 de outubro de 2017. Segundo o governo catalão, houve 157 barricadas em chamas em diversas ruas e cruzamentos durante os protestos. Muitas delas continuaram cortadas ao trânsito na manhã de quarta-feira enquanto decorriam os trabalhos de limpeza.
Os confrontos entre a polícia e grupos de manifestantes foram subindo de tom desde o início da noite, após na véspera a Polícia Nacional ter atingido um participante na ocupação do aeroporto com uma bala de borracha. O uso desta munição por parte dos Mossos d’Esquadra foi proibido pelo governo catalão após ferimentos semelhantes noutras vagas repressivas.
Imatges del cel de Barcelona des de General Mitre
imatge de l'Alerta (telegram) pic.twitter.com/a9L3vhBkPn— Lluïsa SM (@Wilmaaaaaaaa135) October 15, 2019
A violência empregue pelos Mossos d’Esquadra na repressão dos protestos de terça-feira domina o rescaldo político do lado independentista, com uma chuva de críticas ao governo catalão por parte dos Comités de Defesa da República e também de dirigentes da Esquerda Republicana Catalã, parceira do partido do chefe do executivo. Entre as figuras que já pediram a demissão do titular da pasta do Interior está Clara Ponsatí, que fez parte do governo de Puigdemont e seguiu para o exílio na Escócia para escapar às acusações da máquina judicial espanhola.
Si els controla perquè els controla. Si no els controla, perquè no els controla. Buch no pot seguir.
"La policia ataca les concentracions arreu del país desencadenant una violència extrema" https://t.co/OO5UaWhMZH— Clara Ponsatí (@ClaraPonsati) October 15, 2019
O governo catalão reagiu com críticas aos grupos de manifestantes violentos, pedindo que sejam isolados nas manifestações por parte da maioria que protesta pacificamente. Já a presidente da Câmara de Barcelona afirmou que não deseja mais “prisões injustas nem cargas policiais contra gente pacífica”, mas por outro lado também não quer “incêndios como os desta noite”. A autarquia já fez a estimativa dos danos, que ascende a 320 mil euros no que toca à substituição dos 150 contentores de lixo incendiados.
Som ciutat de pau i diàleg. No volem presons injustes ni càrregues contra gent pacífica. Tampoc volem incendis com els d’aquesta nit a BCN: són inacceptables i posen en risc la seguretat de veïns. Mereixen un rebuig unànim i cal q totes les institucions facin una crida a la calma
— Ada Colau (@AdaColau) October 15, 2019
Em Madrid, o primeiro-ministro Pedro Sánchez foi alvo de críticas dos partidos da direita, que pedem uma intervenção mais musculada contra o “caos” provocado peloss manifestantes. Sánchez marcou reuniões com os principais partidos durante o dia de quarta-feira para analisar a situação na Catalunha.
Assumindo um tom conciliador aos microfones da televisão pública da Catalunha, o ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska, descartou esta manhã a possibilidade de aplicação da Lei de Segurança Nacional ou do Artigo 155 da Constituição que retira poderes aos órgãos do governo da Catalunha. “Não é preciso criar alarmismo. Neste momento, a segurança está garantida”, afirmou o ministro, após nas últimas semanas ter deslocado milhares de efetivos policiais espanhóis para a Catalunha. O ministro defendeu a ação policial da noite de terça-feira, classificando-a de proporcionada e sublinhou que “a grande maioria manifestou-se de forma pacífica”.
Do lado independentista, o Tsunami Democràtic - a organização que convocou o bloqueio ao aeroporto e que teve o treinador de futebol Pep Guardiola como porta-voz no apelo à comunidade internacional para obrigar Espanha ao diálogo — anunciou que até dia 26, data em que se realiza uma manifestação unitária, não irá convocar mais ações. O objetivo é deixar o protagonismo às iniciativas das organizações sociais e sindicais.
Este movimento conta com o apoio das principais figuras do independentismo catalão, mas optou por não apresentar nenhum líder, evitando assim possíveis responsabilidades penais. Por razões de segurança e privacidade, este movimento criou uma forma de mobilização através de uma aplicação móvel que informa os passos a seguir em cada iniciativa e nas redes sociais Twitter, Instagram e Telegram, onde já juntou cerca de 250 mil seguidores. Neste comunicado divulgado quarta-feira, o movimento renova o apelo à não violência nos protestos, à semelhança do que já fizeram vários dos presos políticos através das redes sociais.
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— Tsunami Democràtic (@tsunami_dem) October 15, 2019
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