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Exército rejeita jovem por ser transexual

Um jovem chamado Daniel Prates, de 20 anos, viu o Exército rejeitar a sua candidatura de acesso depois de ter revelado que era transexual, informa o Jornal de Notícias (JN). O jovem foi considerado inapto com base num diagnóstico em hipogonadismo, ou seja, ausência de hormonas sexuais masculinas.
Daniel refere que teve “valores altos nas provas e tinha média que me permitia candidatar” a uma das 180 vagas disponíveis no ano passado. Mas quando chegou à consulta médica foi questionado pelas cicatrizes que tinha nos mamilos, onde informou que era transexual.
“O tenente-coronel chamou-me ao seu gabinete e mandou-me para casa nesse dia. A primeira desculpa foi porque não tinha as cirurgias completas. Ripostei, obviamente. Isso não era uma razão plausível”, disse o jovem, e acrescentou que “primeiro, explicou-me que se fosse para a guerra, a medicação poderia não chegar. Mas não é por não tomar hormonas que vou morrer. Depois, disse-me que não poderia responsabilizar-se sobre o que me aconteceria no balneário. Ouvi um discurso que me queria obrigar a desistir”.
A ILGA não entende como é que “a mera necessidade de terapêutica hormonal com testosterona, pode condicionar a aptidão psicofísica” quando as análises revelaram “testosterona dentro da normalidade”.
Marta Ramos, diretora da ILGA, acredita que “há um problema sistémico de falta de entendimento sobre questões de saúde ligadas à transexualidade” e reconhece a discriminação quando “se nega a priori o acesso à admissão”.
O Exército puxa da Lei do Serviço Militar para chumbar a candidatura do Daniel, mas informa ao JN que “está a decorrer o processo de revisão de tabelas, em linha com o Plano de Ação para a Profissionalização do Serviço Militar, de abril de 2019”.
Bloco de Esquerda questiona o Governo
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, numa pergunta ao Ministério da Defesa, diz que o argumento de hipogonadismo não faz sentido “pois este jovem não nasceu com a gónada masculina produtora de espermatozoides e emissora de testosterona para poder ser diagnosticado com hipogonadismo masculino”.
“Se a verdadeira razão de recusa foi o facto de ser transsexual, mais inaceitável e incompreensível se torna esta decisão do Exército. A recusa de ingresso nas Forças Armadas, ou em qualquer outra instituição pública ou privada, por razões que violam os princípios da igualdade e não discriminação, previstos e protegidos a nível laboral (artigos 23.º e seguintes do Código do Trabalho) e constitucional (artigos 13.º, 26.º e 47.º), nunca poderá ser admitida”, apontam os deputados bloquistas Fabíola Cardoso, João Vasconcelos, Pedro Filipe Soares e Sandra Cunha na pergunta dirigida ao ministro João Gomes Cravinho.
O Bloco quer saber se o Ministério da Defesa vai tomar ações para garantir o apuramento das razões da recusa de ingresso no Exército do jovem Daniel e que medidas se irão implementar para que situações como esta não voltem a acontecer.
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Comments
Vocês iniciam e terminam o
Vocês iniciam e terminam o vosso artigo recorrendo ao termo "incompreensível". Quantos elementos do vosso partido fizeram parte das Forças Armadas portuguesas? Como podem vocês compreender algo que desconhecem por completo? Sabem por ventura quantos elementos das FFAA já trocaram de sexo, sendo os custos das cirurgias plásticas sustentados pela instituição?
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