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Doação de sangue: Homossexuais continuam a ser alvo de discriminação

Os questionários que são feitos aos dadores de sangue continuam a ter uma pergunta sobre a sua orientação sexual, apesar da norma da Direção Geral da Saúde que elimina esta questão ter sido publicada há três meses.
"É necessário alterar não só os questionários como também proceder à formação dos profissionais de saúde", afirma Nuno Pinto. Foto Hype Science
"É necessário alterar não só os questionários como também proceder à formação dos profissionais de saúde", afirma Nuno Pinto. Foto Hype Science

Perante esta situação, o presidente da Ilga-Portugal, Nuno Pinto advoga ser necessário agilizar o processo e também proporcionar formação aos profissionais que fazem a recolha do sangue em todo o país.

Aquele ativista recordou à TSF que a associação ILGA colaborou com a Direção Geral da Saúde (DGS) na alteração da norma de orientação clínica para a dádiva de sangue, pelo que espera que o Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) proceda à alteração dos questionários o mais rapidamente possível.

“O critério da orientação sexual para a doação de sangue foi eliminado mas ainda tem de se responder a um questionário discriminatório se se quiser dar sangue”, afirmou à TSF Nuno Pinto, tendo acrescentado que “falta garantir que esta norma tenha aplicação no terreno e também que todos os novos questionários usados nos postos de recolha de sangue em todo o país deixem de ser discriminatórios em relação aos homens gays e bissexuais”.

Sensibilização e formação dos profissionais de saúde

O responsável da Ilga-Portugal recorda que o novo presidente do Instituto Português do Sangue iniciou funções recentemente, reconhecendo por isso que ainda teve “pouco tempo”, mas pede “urgência não só na alteração dos questionários mas também na formação dos profissionais de saúde”.

“Esta discriminação arrasta-se há muitos, muitos anos e é uma das reivindicações mais antigas da Ilga-Portugal e também de uma série de outras associações que trabalham na área da igualdade e esperam que este processo seja marcado pela celeridade”, sublinhou.

Para eliminar esta situação, Nuno Pinto afirma ser necessário alterar não só os questionários como também proceder à formação dos profissionais de saúde.

“Preocupa-nos a necessidade de sensibilização, de formação e de monitorização das práticas relativas a esta questão em todo o país uma vez que são muitos os postos de recolha de sangue”, declarou Nuno Pinto, tendo qualificado todo este processo como "um desafio".

Segundo o responsável daquela associação “tem havido vontade política para acabar com esta prática discriminatória e a consequente estigmatização que envolvia muitos dadores de sangue, sendo por isso necessário terminar com a barreira da pergunta da orientação sexual que é suscetível de criar obstáculos à igualdade plena entre todos aqueles que querem fazer doações de sangue.

A associação ILGA promete estar "atenta" à aplicação da nova norma de orientação clínica e "disponibiliza-se" para oferecer ajuda com vista à alteração dos questionários.

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