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Descoberta floresta de corais negros nos Açores

Telmo Morato, investigador do Instituto Okeanos, da Universidade dos Açores, anunciou que foi descoberta uma floresta de corais negros no Mar dos Açores. O Bloco de Esquerda da região tem proposto a criação de um Centro de Investigação Internacional para as Ciências do Mar nos Açores.
Leiopathes glaberrima, “coral negro” do fundo do mar, 2008 – fonte: NOAA Photo Library - foto de domínio público, disponível em en.wikipedia.org/
Leiopathes glaberrima, “coral negro” do fundo do mar, 2008 – fonte: NOAA Photo Library - foto de domínio público, disponível em en.wikipedia.org/

O investigador fez a divulgação durante uma conferência de imprensa realizada na cidade da Horta, ilha do Faial, referindo que a floresta de corais negros foi descoberta numa campanha de investigação científica.

"Nós descobrimos zonas que podem ser comparadas às florestas de sequoias que existem nos Estados Unidos", revelou Telmo Morato, investigador do Instituto Okeanos, da Universidade dos Açores. A conferência de imprensa apresentava os resultados de uma campanha oceanográfica realizada a bordo do navio holandês "Pelagia".

A expedição científica teve lugar entre 18 de maio e 2 de junho, ao longo da Dorsal Médio-Atlântica, na região dos Açores, e incluiu levantamentos batimétricos, captação de imagens com a missão de cartografar os fundos marinhos, identificar novas áreas que se enquadrem na definição de ecossistemas marinhos vulneráveis e determinar o seu estado ambiental, refere a Lusa.

Autonomia solidária

António Lima

Telmo Morato sublinhou que o mar dos Açores dispõe de uma floresta de corais negros, semelhante às florestas de sequóias norte-americanas, segundo os "primeiros resultados preliminares" resultantes das análises efetuadas durante a campanha de investigação internacional. "Ainda temos pela frente alguns meses de trabalho para processamento das amostras recolhidas durante esta campanha", explicou Telmo Morato, salientando que "uma hora de vídeo no mar" corresponde, normalmente, "a um dia de trabalho em terra".

O investigador do Okeanos afirmou que estas zonas do mar profundo, associadas à Crista Médio Atlântica, são zonas de "grande produtividade, que albergam grandes densidades de organismos e uma biodiversidade muito grande".

"Descobrimos e encontrámos coisas que já não pensávamos encontrar nos Açores nesta altura, como os grandes jardins de corais negros, que podem viver vários milhares de anos", frisou.

O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, esteve presente na conferência e defendeu que "é importante proteger estes habitats", nomeadamente, os "jardins de corais negros, nesta zona do atlântico" e sublinhou que "é preciso investir mais e mais na investigação oceânica".

Bloco propõe desde 2008 a criação de um Centro de Investigação do Mar

O Bloco de Esquerda Açores tem defendido, desde 2008, a criação de um Centro Público de Investigação Internacional para as Ciências do Mar nos Açores, com o estatuto de Laboratório de Estado.

Em outubro de 2019, o coordenador do Bloco Açores, António Lima, apontou no parlamento regional que a criação do centro é essencial para garantir maior competitividade e ainda maior reconhecimento a nível mundial, “ao contrário da pulverização de centros de investigação ou de medidas pontuais de apoios, mais ou menos continuados, de alguns poucos milhões de euros de apoio à investigação por parte do Governo Regional é preciso mudar de política e de ambição”.

António Lima destacou ainda que este é o caminho para “combater a precariedade no setor, tratando os investigadores como pessoas e não como mercadoria” e acrescentou “este projeto público resultaria de um esforço nacional, tendo em conta as potencialidades do nosso mar e traria, pela sua dimensão em número de investigadores e em meios, capacidade de afirmação internacional e seria capaz de dinamizar a prazo uma nova economia nos Açores”.

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