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Bloco quer tributar jackpot das comercializadoras de eletricidade

O Bloco de Esquerda quer ouvir a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) sobre a dimensão dos ganhos dos comercializadores de eletricidade resultantes da pandemia Covid19 e a forma adequada de os tributar.
O partido comparou os dados relativos aos trinta dias anteriores e aos trinta dias posteriores à entrada em vigor do estado de emergência e constatou um diferencial sem precedentes: o consumo de eletricidade diminuiu 15%, mas o preço da energia no mercado grossista caiu 34%. Apesar de as grandes empresas comercializadoras do mercado liberalizado comprarem a eletricidade mais barata, essa redução do preço não se reflete na fatura dos consumidores, uma vez que as companhias mantêm em vigor os preços contratualizados antes da crise pandémica.
Segundo o Expresso, a empresa liderada por António Mexia tem toda a sua produção de eletricidade para 2020 vendida a 55 euros por megawatt hora (MWh), ou seja, mais do dobro do atual preço da eletricidade no mercado ibérico.
O documento defende a tributação dos ganhos dos comercializadores de eletricidade durante a pandemia do novo coronavírus. O Bloco de Esquerda considera que, “depois de rigorosamente determinados pela ERSE no final de cada período de três meses em que se verifiquem”, os ganhos “trazidos pelo vento” (windfall profits ) das comercializadoras de eletricidade “devem ser tributados especificamente”.
A proposta de audição da ERSE, feita pelo deputado bloquista Jorge Costa, refere que no passado já foi criado o mecanismo “clawback”, que procurava “a recuperação do valor dos efeitos dos eventos extramercado externos ao mercado português” - ou seja, a tributação dos ganhos excessivos dos produtores de eletricidade portugueses no mercado ibérico por circunstâncias ocorridas em Espanha.
O partido defende a aplicação de um mecanismo semelhante aos comercializadores que estejam a obter ganhos excessivos por via da não repercussão nos clientes finais da queda de preços no mercado ibérico.
EDP: lucros de 146 milhões entre janeiro e março
Estes ganhos extraordinários dos comercializadores de energia ocorrem numa altura em que se sabe que a EDP, com 80% dos clientes domésticos portugueses, já registou um aumento de 45% nos seus lucros no primeiro trimestre de 2020. Para isso terá contribuído a elevada disponibilidade de fontes renováveis e a redução do custo das centrais de ciclo combinado a gás natural pressionadas pela queda da cotação do preço do petróleo. Para a EDP, os efeitos da pandemia de coronavírus entre abril e junho deste ano poderão aumentar ainda mais estes lucros.
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