Chegaremos a 2020 com a certeza de que as alterações climáticas estão perto de desencadear processos potencialmente irreversíveis de aquecimento do planeta. O desafio da próxima década é reduzir drasticamente as emissões para inverter esta trajetória e impedir os cenários mais catastróficos. Para isso, precisamos de alterar os nossos sistemas de energia com políticas capazes de reinventar a forma como exploramos, transformamos e utilizamos os recursos energéticos.
Portugal tem um sistema energético maioritariamente assente na eletricidade, o que permitiu uma aposta importante em geração renovável nos últimos anos, sobretudo hídrica e eólica. Porém, o país tem ainda um setor de transportes dependente do petróleo, uma utilização energética industrial atrasada e um parque habitacional com edifícios ineficientes. Os instrumentos estratégicos de política energética, como as empresas a EDP ou a REN, foram entregues aos privados e estão hoje repartidos entre o Estado chinês e uma clientela rentista que procura o lucro imediato. Ao mesmo tempo, os consumidores pagam uma das faturas mais caras da Europa e vive com níveis de pobreza energética que nos envergonham.
Precisamos, portanto, de uma transição energética que aposte na eficiência dos edifícios e da indústria, que invista na eletrificação dos transportes, que aumente a produção renovável e que aproveite os recentes avanços tecnológicos na energia solar e no armazenamento. Para isso, é necessária uma transição energética que não deixe ninguém para trás, que substitua uma elite rentista por instrumentos de participação democrática e que traga a política para o centro da decisão sobre o futuro do planeta.
O caminho até 2030 não será fácil e importa desde já discutir e responder a algumas perguntas: como recuperar as empresas estratégicas para uma transição energética? Como eliminar as rendas excessivas pagas às grandes empresas? Como investir em eficiência e transformar o sistema de transportes? Que política para o solar? Como colocar os cidadãos consumidores no centro desta transição? Como enfrentar a pobreza energética?
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