O meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Texto de Pedro Lamares de apoio ao debate "Recordar Sophia de Mello Breyner", que terá lugar no Fórum Socialismo 2019 no sábado, 31 de agosto, às 18h15, no Porto.

31 de agosto 2019 - 10:21
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'Sei que seria possível construir o mundo justo'. A lucidez de Sophia coloca-nos num lugar onde somos chamados a decidir, a questionar. Um lugar onde a indiferença se mostra imperdoável. Nós, as pessoas sensíveis, incapazes de matar galinhas, pagamos a quem faça o serviço sujo para que as possamos comer. A Sophia é doce, mas não perdoa. Exige a verdade por inteiro para não habitar meio quarto. Acusa o demagogo. Inversamente ao revisor Raimundo Silva, de Saramago, que escreveu um 'não' que muda a 'História do Cerco de Lisboa', a Sofia retira um 'não' que nos responsabiliza irremediavelmente: 'perdoai-lhes, senhor, porque eles sabem o que fazem'. Sabemos sim. E se fazemos assim é porque escolhemos não fazer de outra forma.

'Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo'

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