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Violência doméstica: Número de mulheres assassinadas volta a subir

Em 2018, até 12 de setembro, já foram assassinadas 21 mulheres, havendo um aumento da violência e do sofrimento. Elisabete Brasil da UMAR aponta que, ao contrário dos homicídios que decrescem, os números de femicídio mantêm-se.
“É uma tortura para matar as mulheres. É uma das grandes novidades este ano, a tortura como forma de as matar. Estratégias de guerrilha e tortura conjugadas”, denuncia Elisabete Brasil
“É uma tortura para matar as mulheres. É uma das grandes novidades este ano, a tortura como forma de as matar. Estratégias de guerrilha e tortura conjugadas”, denuncia Elisabete Brasil. Fotografia de Paulete Matos.

O Observatório de Mulheres Assassinados (OMA) da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) divulgou nesta quinta-feira, 13 de setembro, os dados que recolheu de mulheres assassinadas, vítimas de violência doméstica.

Elisabete Brasil da UMAR salientou, em declarações à Lusa, que os números de femicídio se mantêm constantes, ao contrário do que tem estado a acontecer em relação aos homicídios, e destaca o aumento do nível de violência e sofrimento naqueles crimes.

“Este ano está novamente a contrariar, segue as tendências da última década e voltamos a um contraciclo. Ainda é cedo para falarmos do número total, mas já temos confirmadas 21 mulheres e isso é brutal tendo em conta que estamos em setembro e já temos o mesmo nível de mortes do ano passado”, aponta a responsável da UMAR. No ano passado, registaram-se 21 assassinatos, confirmados. No relatório de 2017, o observatório assinalava 20 femicídios, tendo sido confirmada posteriormente, outra morte e há ainda sete casos por confirmar se são ou não femicídios.

Elisabete Brasil destaca que as análises feitas aos casos de femicídio revelam um aumento de violência e de sofrimento infligido às vítimas.

“Este ano foi o primeiro ano que em só houve arma de fogo numa situação e as outras são todas por esfaqueamento, asfixia. Pela primeira vez nestes 15 anos, surge o tiro esporádico e as outras formas, que são muito brutais, que agride, espanca, tortura, é de uma agressividade e brutalidade”, sublinhou.

Crimes de ódio

“É uma tortura para matar as mulheres"

Estes dados levam Elisabete Brasil a considerar que são “sem dúvida nenhuma” crimes de ódio, em que os agressores “queriam aquela morte e queriam que até na morte a pessoa percebesse e sofresse o máximo”.

“É uma tortura para matar as mulheres. É uma das grandes novidades este ano, a tortura como forma de as matar. Estratégias de guerrilha e tortura conjugadas”, afirmou.

Elisabete Brasil critica ainda os poderes públicos pelo “silêncio”:

“Se fossem assassinadas duas ou três pessoas numa bomba de gasolina, já havia o MAI [Ministério da Administração Interna] ou outra entidade qualquer a dizer que era preciso reforçar isto ou aquilo. São assassinadas 21 mulheres confirmadas e não há uma palavra sobre esta questão”.

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