Vinte mulheres assassinadas desde o início do ano

18 de agosto 2020 - 16:30

O número de mulheres assassinadas em contexto de “relações de intimidade atuais, passadas ou pretendidas” registou uma diminuição face aos números de 2019. Já as tentativas de homicídio aumentaram. Metade dos casos ocorreram após o período após o estado de emergência.

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Vinte mulheres assassinadas desde o início do ano
Manifestação da Greve Feminista Internacional, em Lisboa. Fotografia de esquerda.net.

Desde o início do ano terão sido assassinadas 20 mulheres em Portugal. De acordo com os dados preliminares do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), um grupo de trabalho da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), ocorreram até à primeira quinzena de agosto 10 “femicídios íntimos”, associados a relações de intimidade atuais, passadas ou pretendidas, e 10 assassínios em outros contextos, por motivos financeiros, na sequência de assalto ou outros.

Cátia Pontedeira, do OMA, esclareceu à agência Lusa que dos 10 femicídios íntimos “mais de metade ocorreu já após o período de confinamento obrigatório, entre junho e agosto" na sequência da pandemia de covid-19. É uma diminuição face aos números do mesmo período em 2019, altura em que se registaram 20 assassinatos neste contexto.

A recolha de dados baseia-se em notícias de mulheres assassinadas e de tentativas de assassinato e compreende o período de 1 de janeiro a 15 de agosto de 2020. 

Segundo o OMA, além das 25 tentativas de femicídio em contexto de intimidade, ocorreram dois homicídios na forma tentada contra mulheres em contexto de violência doméstica que foram perpetrados contra as mães. Ocorreram ainda duas outras tentativas, uma “por motivos de género” e outra por motivos financeiros. Neste caso, ocorreu um aumento face aos números de 2019, altura em que se tinham registado 22 tentativas.

Em comunicado, as ativistas feministas defendem a urgência de intervenção na análise do fenómeno, para prevenir futuros casos. 

“Estes dados revelam a urgência de um investimento numa análise sobre o femicídio e a sua tentativa a partir de um olhar especializado e aprofundado, para prevenir futuros assassinatos”, defende o OMA, na nota divulgada.

A disseminação de informação a potenciais vítimas sobre o tipo de ajuda disponível e o incentivo a procurar ajuda são fundamentais, defendem. “É fundamental informar as vítimas de violência doméstica onde podem procurar ajuda e incentivá-las a procurar esta ajuda especializada”. 

O Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica funciona através do número 800 202 148. É uma linha gratuita, confidencial e disponível 24 horas por dia, todos os dias do ano.