Vida Justa: manifestação este sábado em Lisboa

23 de fevereiro 2023 - 21:27

Contra o aumento dos preços e pela distribuição da riqueza, o protesto em defesa de "um programa de crise que defenda quem trabalha" tem concentração marcada para as 15h no Marquês de Pombal.

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Cartazes da manifestação. Foto Vida Justa/Facebook

Este sábado, 25 de fevereiro, a partir das 15h, manifestação "Vida Justa" vai percorrer o centro de Lisboa entre o Marquês de Pombal e a Assembleia da República. O protesto convocado por moradores dos bairros, pessoas dos movimentos sociais e outros cidadãos, defende que "em tempo de crise, a política tem de proteger mais as pessoas", pois "não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos".

O manifesto da iniciativa defende um "programa de crise que defenda quem trabalha" com medidas concretas, como a de tabelar os preços da energia e dos produtos alimentares essenciais, congelar juros dos empréstimos das casas, proibir despejos e impedir as rendas especulativas das casas, um aumento geral dos salários acima da inflação, "apoiar os comércios, pequenas empresas e os postos de trabalho locais e valorizar económica e socialmente os trabalhos mais invisíveis como o de quem trabalha na limpeza".

Com os lucros das petrolíferas e grandes empresas a aumentar como nunca e "os salários de quem trabalha a desaparecerem", esta manifestação acusa o Governo de estar "mais preocupado em pagar a dívida pública, ao dobro da velocidade que a União Europeia nos quer obrigar, do que em ajudar a maioria das pessoas a resistirem a esta crise".

Este movimento "Vida Justa" teve a sua génese nos bairros da periferia de Lisboa. Um dos organizadores, Celso Lopes, morador do bairro da Cova da Moura, na Amadora, explicou à agência Lusa que "todas estas zonas são mais fragilizadas […], para nós é sempre muito mais complicado, porque as famílias aqui são famílias que sofrem e recebem um salário muito abaixo da média nacional. Quando nós vemos a inflação nos preços, nos produtos essenciais, é muito mais complicado para as famílias que não têm uma economia tão resiliente, por assim dizer, em comparação com a média nacional”.

“Com esta crise toda, há sempre mais dificuldade. É mais difícil porque o pessoal não tem dinheiro para comprar e toda a gente quer satisfazer as suas necessidades”, diz por seu lado Felisberto Brito, morador no bairro há mais de 40 anos e dono de um café, concluindo que a vida é hoje mais difícil do que quando ali se instalou. “O dinheiro está mal distribuído no mundo. Há muita riqueza numa parte e muita pobreza em outras partes”, lamentou outro morador, Reginaldo Spínola, sublinhando a imprtância deste protesto "não só para o nosso bairro, mas também para tudo o que está a acontecer. Daqui a nada morremos à fome, o dinheiro nunca chega para nada”.

Os organizadores da manifestação concentraram-se na semana passada à porta da reunião do Conselho de Ministros que aprovou um pacote de medidas para a habitação. Mas as medidas anunciadas ficaram longe do que o movimento Vida Justa defende ser necessário. "Com a mesma mão o Governo entrega casas para habitação ao mercado e à especulação e com a outra tenta criar políticas que têm sido insuficientes. É poeira para os olhos, as políticas não respondem estruturalmente ao problema da habitação”, afirmou Andreia Galvão, classificando as políticas do Governo de ""ilusórias" e "insuficientes".

Também os movimentos que têm promovido as ações de justiça climática nos últimos anos em Portugal anunciaram a sua participação nesta manifestação e apelaram à mobilização. O Climáximo, Greve Climática Estudantil e Scientist Rebellion Portugal sublinham que o “aumento do custo de vida dos povos nos países por todo o mundo e em Portugal é consequência de uma economia capitalista construída para ser viciada em combustíveis fósseis”.