Lisboa

Vereador de Moedas acusado de tentativa de fraude eleitoral

10 de maio 2024 - 18:48

O vice-presidente do CDS Diogo Moura foi acusado pelo Ministério Público de tentar subverter duas eleições para o Conselho Nacional do partido. Bloco quer que Moedas cumpra o que afirmou publicamente e substitua de imediato o seu vereador acusado de dois crimes.

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Carlos Moedas e Diogo Moura
Carlos Moedas e Diogo Moura. Foto publicada por Carlos Moedas na sua pagina Facebook.

Segundo a notícia revelada na quinta-feira pela CNN Portugal, o Ministério Público acusou no final de abril o vice-presidente do CDS e vereador da lista “Novos Tempos” encabeçada por Carlos Moedas de dois crimes de fraude em eleições, agravados, na forma tentada.

Os crimes de que Diogo Moura é acusado terão sido cometidos em duas eleições dos delegados no Conselho Nacional do CDS, em 2019 e 2021. Segundo o despacho a que a CNN Portugal teve acesso, o modus operandi foi o envio de mensagens a uma secretária da distrital de Lisboa que estava na mesa de voto, a pedir-lhe que introduzisse nas urnas votos de militantes que não se apresentassem na mesa de voto.

Se Nuno Melo já conseguiu ver afastado o seu dirigente acusado de tentativa de fraude eleitoral, o mesmo não acontece com Carlos Moedas. Em comunicado, o gabinete da vereação do Bloco de Esquerda lembra as palavras do autarca numa entrevista publicada em abril de 2021, poucos dias depois da eleição interna do CDS em que o seu atual vereador dava instruções para falsear os resultados.

“Nunca teria a trabalhar comigo um vereador suspeito de um crime”, afirmou Carlos Moedas já em campanha eleitoral. Agora, “deve dar consequência à sua palavra e substituir imediatamente o vereador Diogo Moura”, afirma o Bloco de Esquerda.

“Distrai o gajo da Lista A. Dá baixa de Tiago Pessoa Filho e Nuno Van Uden e mete os votos na urna”; “João Gameiro, caso não tenha vindo ainda”; “E Isabel Galriça Neto”; Descarrega João Condeixa”; Descarrega Hélder Santos Correia”, são as mensagens citadas no despacho de acusação relativas à eleição de 18 de março de 2019.

Passados dois anos, a 12 de abril de 2021, Diogo Moura repetiu as ordens para a tentativa de fraude eleitoral interna, escrevendo à mesma secretária vários SMS:  “Vou pedir que metas aí um voto rápido, prepara-te, faz já e mete no bolso que já aviso”; “Prepara o voto da Sofia Pires Borges”; “Mando mensagem para meteres na urna quando o Pedro estiver distraído”; “Mete quando sair o Gabriel”.

Os crimes de que Diogo Moura é acusado são na forma tentada, porque aparentemente a secretária não terá obedecido aos seus pedidos e o então líder da concelhia lisboeta do CDS acabou denunciado. A Judiciária investigou o caso ainda em 2021 e o dirigente do CDS sempre negou as suspeitas, apesar de a polícia estar na posse das mensagens enviadas. Agora, diz à CNN estar “absolutamente inocente”, mas anunciou a suspensão do seu cargo de vice-presidente do CDS.