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Venda do Novo Banco foi um “descalabro para as contas públicas”

De acordo com Mariana Mortágua, o anúncio, por parte do Novo Banco, de um prejuízo de 1.395 milhões em 2017, e de que já ativou a garantia pública em 800 milhões, “vem dar razão à posição assumida pelo Bloco há um ano”, no sentido de que a “doação do banco” ia ser “um desastre”.
Foto de Tiago Petinga, Lusa.

Esta quarta-feira, dia 28 de março, o presidente do Novo Banco, António Ramalho, comunicou que o banco registou, em 2017, um prejuízo histórico de 1.395 milhões de euros. O responsável anunciou ainda que, ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente, o Novo Banco já ativou a garantia pública em 800 milhões.

Reagindo a esta notícia, a deputada bloquista Mariana Mortágua frisou que “aquilo que sabemos hoje vem, de alguma forma, comprovar aquilo que dissemos no passado: a decisão da venda, ou da doação do Novo Banco, foi uma má decisão, assim como a venda do Banif foi uma má decisão, e Portugal vê o seu sistema financeiro a ser destruído aos poucos sem ver um poder político e um poder público capazes de intervir na banca para defender os interesses do sistema financeiro e dos contribuintes”.

Segundo a dirigente do Bloco, os problemas do Novo Banco não começaram agora, mas sim logo a partir da falência do BES.

“[Os problemas] Passaram por um processo de resolução que foi mal feito pelo Governo do PSD e do CDS, com uma recapitalização de 3.900 milhões de dinheiro público", um valor manifestamente insuficiente para cobrir as necessidades do banco, referiu Mariana Mortágua, lembrando que “o anterior governo PSD/CDS não quis assumir o real buraco das contas do Novo Banco”.

“Depois passaram também por uma longa ficção. A ficção, em primeiro lugar, de que os 3.900 milhões da recapitalização inicial não teriam custos para os contribuintes. A ficção de que seria possível vender o Novo Banco até com lucro e, mais tarde, a ficção criada pelo Governo PS de António Costa de que a venda tinha sido um bom negócio para o Novo Banco e para o país, e de que não existiriam custos futuros com esta venda”, acrescentou a deputada.

Mariana Mortágua assinalou ainda que o Novo Banco foi vendido com uma outra garantia, no montante praticamente idêntico ao que já tinha sido injetado no banco, sublinhando que, no total, se essa garantia fosse executada, o Estado poderia injetar perto de 8 mil milhões na instituição.


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Há um ano atrás, no dia 5 de abril de 2017, o Bloco de Esquerda marcou um debate de urgência na Assembleia da República, quando o Novo Banco estava prestes a ser vendido, alertando que a venda “ia ser um descalabro para as contas públicas e que o país não ia ganhar nada”.

Menos de um ano depois, o Novo Banco apresenta prejuízos recorde e anuncia que já ativou a garantia pública em 800 milhões, o que, segundo a dirigente bloquista, “vem dar razão à posição assumida pelo Bloco”.

Na altura, os bloquistas disponibilizaram-se para discutir uma solução “que não passasse por uma doação com capitais públicos a fundos abutres”: “Dissemos que estaríamos disponíveis para discutir uma nacionalização do Novo Banco em que este banco era posto ao serviço da economia e em que o capital injetado reverteria para o Estado, em vez de ser entregue a um fundo privado”, lembrou Mariana Mortágua.

Contudo, “o Governo recusou-se a discutir essa possibilidade e preferiu uma solução que nós já sabíamos que is ser um desastre e que se provou ser um desastre”, lamentou a deputada.

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