Utentes e sindicato protestam contra "destruição dos CTT"

28 de maio 2013 - 1:52

Os encerramentos de estações de Correios estão a indignar utentes e trabalhadores dos CTT. No dia 7 de junho há greve geral contra a privatização de mais um serviço público essencial e que dá lucro aos cofres públicos.

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Administração dos CTT está a encerrar estações para tornar negócio apetecível a privados, em prejuízo das populações que serviu durante décadas. Foto anabananasplit/Flickr

"Sexta-Feira fecharam a Estação de Correios de Ervidel, a Estação de Correios Templários (Tomar) e a Estação de Correios Alhos Vedros. Ontem de forma inesperada fecharam a Estação de Correios Santana (Leiria). Todas elas da mesma forma como têm feito a tantas outras", relata o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) na sua página no Facebook. E avisa que "dentro de dias" será a vez da Estação de Boliqueime, a terra natal de Cavaco Silva, "mas também a Estação de Correios da Ajuda (Lisboa), São Jorge (Carcavelos), Caxias, Santa Bárbara de Nexe (Faro), Santiago do Escoural, Cais dos Soldados (Lisboa)", entre outras. 

Ao todo, o SNTCT calculava no início de março que a administraão pretendia encerrar 200 estações de Correios em todo o país, fazendo-os “em grande segredo”. E para os utentes do centro histórico de Leiria, esse dia chagou esta segunda-feira. "Fomos surpreendidos hoje com a chegada de uma carta registada às 11:26 a comunicar que a estação encerraria hoje. Ficamos mais pesarosos porque a nova estação só poderá abrir no final do ano, o que não corresponde àquilo que são os direitos da população de poder usufruir de um serviço postal de proximidade", disse o presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, à agência Lusa.

Na montra da estação de Correios leiriense de Santana, os utentes que a encontraram encerrada colaram um panfleto acusando a empresa de decidir "sem respeito algum, acelerar a sua morte, encerrando este local de atendimento a partir de hoje, prejudicando toda a população, em especial os seus residentes, comércio e serviços". Esta terça-feira de manhã, o protesto faz-se em frente da estação dos Olivais Norte, uma das que encerrou na semana passada e deixou os moradores locais sem alternativa que não passe pela deslocação em transportes para a estação mais próxima.

7 junho: Greve geral contra a privatização dos CTT

"Acusamos pois a Administração dos CTT pela destruição dos CTT e da Rede Pública Postal e os senhores Presidente da República, Governo da República e o seu Primeiro Ministro e a Direcção da ANACOM pela omissão perante factos tão graves como os que se estão a passar nos CTT", declara o Sindicato, denunciando também que "a  distribuição de correio dita 'segmentada' não cumpre a Lei que determina que o Cidadão tem direito a uma distribuição diária e domiciliária de correio pelo menos 5 dias por semana".

Este é um dos motivos indicados no pré-aviso de greve para o dia 7 de junho que já foi entregue pelo SNTCT. Os trabalhadores acusam a administração de "estar a criar excedentes na distribuição de correio através da distribuição segmentada e segmentada 2 (atraso de vários dias na distribuição) com aumento dos percursos de distribuição que dificilmente serão efetuados", ao mesmo tempo que encerra estações, "eliminando deste modo centenas de postos de trabalho".

O SNTCT lembra que "os CTT são uma empresa rentável" que contribuiu com 400 milhões de euros para o Orçamento de Estado nos últimos anos, constituindo "um serviço imprescincível para as populações e para a economia nacional". E contestam a decisão de privatizar a empresa que foi negociada com a troika "para fazer face aos buracos orçamentais criados pelos grandes grupos económicos e pelos sucessivos Governos".