Uruguaios fazem greve geral contra reforma das pensões

26 de abril 2023 - 20:18

O presidente de direita aumentou a idade de reforma de 60 para 65 anos e falou numa reforma “necessária” e “solidária”. Os sindicatos contrapõem que o grande beneficiário é o capital financeiro e que se dificultou as pensões de viuvez e cortou nas pensões por invalidez.

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Manifestação em frente ao parlamento uruguaio esta terça-feira. Foto da PIT-CNT.
Manifestação em frente ao parlamento uruguaio esta terça-feira. Foto da PIT-CNT.

25 de abril foi dia de luta também no Uruguai. Os trabalhadores deste país fizeram uma greve geral e saíram às ruas contra o projeto de aumento da idade de reforma de 60 para 65 anos, promovido pelo presidente de direita, Luis Lacalle Pou.

A Central Sindical PIT-CNT convocou este protesto, o terceiro pelo mesmo motivo, no dia da votação do diploma. O seu presidente, Marcelo Abdala, citado pelo Página 12, explicou que a jornada de luta abrangeu “todos os ramos de atividade” e foi “ampla e contundente”. Aos sindicatos juntaram-se outros movimentos sociais como a Organização Nacional de Associações de Reformados e Pensionistas do Uruguai.

Da parte da tarde, houve manifestação massiva em frente ao Palácio Legislativo. Numa altura em que começava então a votação sobre o tema e que se concluiu sem surpresas a favor do campo governamental. Fica previsto assim que a idade da reforma ficará nos 61 anos para quem nasceu em 1973 e vai aumentando de forma a chegar aos 65 anos para quem nasceu em 1977 e depois.

Do lado de fora, sob o lema “que não te roubem o futuro”, o tom era muito diferente do discurso presidencial sobre uma reforma “necessária” e “solidária”. Sergio Sommaruga, do secretariado executivo da PIT-CNT, discursou em nomes dos sindicatos, sublinhando os cortes de direitos para a maioria mas também casos específicos como as dificuldades acrescidas colocadas às pensões de viuvez e os cortes nas pensões por invalidez. Para ele, o grande beneficiário da reforma é “o capital financeiro”, sendo o seu “verdadeiro objeto” passa 1.200 milhões dos bolsos dos trabalhadores e das trabalhadoras para o setor financeiro”.

O dirigente sindical referia-se à obrigatoriedade de contribuição dos trabalhadoras para as AFAP, Administradoras de Fondos de Ahorro Previsional, que são empresas que gerem o dinheiro dos trabalhadores, num sistema que passou a ser misto, junto com as contribuições para “Sistema de Solidariedade Intergeracional”, ou seja o sistema público de Segurança Social.