Unidos pelo galego: Concentração juntou milhares em Compostela

18 de novembro 2024 - 14:08

A iniciativa serviu para denunciar a “emergência linguística extrema” e a perda de espaço do galego como língua de comunicação habitual na Galiza.

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Manifestação em Santiago de Compostela
Manifestação em Santiago de Compostela. Foto BNG/X

Milhares de pessoas juntaram-se na manhã de domingo na Praça da Quintana, em Compostela, para pedir à Xunta da Galiza uma mudança de rumo quanto ao presente a ao futuro do uso da língua galega.

O protesto convocado pela plataforma unitária “Queremos Galego” acontece pouco mais de um mês após o Instituto Galego de Estatística ter anunciado que o castelhano ultrapassou o galego como a língua mais usada no quotidiano da população da Galiza. A preocupação aumenta quando se consideram apenas os números dos jovens entre 15 e 29 anos, em que apenas 28% dizem falar apenas ou maioritariamente galego no dia a dia e mais de 40% dizem usar apenas o castelhano. Só nas faixas etárias acima dos 50 anos a língua galega continua a ser predominante na comunicação quotidiana. Quanto à infância, dos 5 aos 14 anos são mais de 53% a dizer que apenas falam castelhano.

Face a estes números o governo do PP anunciou que iria propor um novo “pacto pelo galego” para revitalizar a língua. Mas muitos lembraram que um pacto com o mesmo objetivo já tinha sido aprovado há 20 anos, promovendo o ensino em galego nas escolas, tendo sido rompido pelo atual líder do PP, Alberto Feijóo, em 2007 por motivos eleitoralistas, alegando a defesa da “liberdade linguística” para colocar o galego como opcional no ensino.

Os manifestantes exigem o regresso aos objetivos do Plano Geral de Normalização da Língua que o Parlamento aprovou por unanimidade em 2004, a elaboração de um calendário de ação 2024-2027 para aplicar e atualizar essas medidas “com os recursos necessários” e a avaliação das medidas após serem aplicadas. E querem também a revogação do decreto do governo de Feijóo e medidas urgentes para o uso da língua no ensino, na cultura, na administração pública e nas atividades comerciais.

manifestação em Compostela
Cartazes da Associaçom Galega da Língua na manifestação, Foto Vítor Garabana/X

Governos do PP transformaram o galego “numa língua de segunda”

No protesto deste domingo participaram dezenas de associações, coletivos e partidos como o PS galego e o Bloco Nacionalista Galego. A sua líder, Ana Pontón, afirmou que “hoje é um dia para reivindicar o orgulho de ter uma língua própria”, mas também “para denunciar que a língua galega está numa situação crítica”, graças a “15 anos de políticas galegófobas” que colocam em risco “o futuro do nosso idioma”. A começar pelo decreto do “plurilinguismo” de Feijóo, que “transformou o galego numa língua de segunda”.

O presidente da Mesa pela Normalização Linguística, Marcos Maceira, também criticou as opções políticas que levaram à atual debilidade da língua galega, mas sublinhou que sempre que a população se mobilizou em defesa da língua, foi possível travar a queda do número de pessoas que deixam de falar galego. Quanto ao pacto anunciado pelo executivo de Alfonso Rueda, Maceira diz que “não podemos ter nenhuma confiança” nos governantes que “já levam 15 anos a agir contra os acordos estabelecidos no Parlamento galego”.

Para prosseguir esta mobilização o líder da Mesa quer constituir plenários da plataforma “Queremos galego!” por toda a Galiza e convocar um novo protesto para o dia 23 de fevereiro, o Dia de Rosalía de Castro, poeta galega nascida nesse dia em 1837 e tornada símbolo nacional.

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