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Uma candidatura contra a “discriminação” a que Setúbal tem sido votada

O candidato à autarquia setubalense, Fernando Pinho, quer mudança em temas como a gestão da água, o saneamento básico, as questões ambientais, o acesso a Troia, a habitação, a cultura, as políticas sociais. E criticou a inclusão de Setúbal na região NUTS da área metropolitana de Lisboa que a fez perder apoios.
Fernando Pinho e Catarina Martins. Foto de ANTÓNIO COTRIM/LUSA.
Fernando Pinho e Catarina Martins. Foto de ANTÓNIO COTRIM/LUSA.

Fernando Pinho, cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Setúbal, apresentou este domingo uma candidatura com o lema “juntos pela mudança”. E foi com esta ideia que começou a sua intervenção. Juntos porque “não deixamos ninguém para trás” e “acreditamos numa sociedade inclusiva” e “pela mudança porque muita coisa tem de melhorar”, declarou.

E foi na necessidade de mudança que o candidato se centrou nos vários temas que destacou. Um deles foi o contrato das águas a que PS “amarrou o município”, fazendo com que aí se pague “das águas mais caras do país”. Pelo contrário, o Bloco defende que a “água deve estar na esfera pública” e que haja “uma política social para taxa social da água.

O ambiente é outra das áreas em que o antigo professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal exigiu mudança, sublinhando a necessidade de uma “atitude responsável face à poluição”. “Recusamos ser o caixote do lixo dos lixos tóxicos que vêm trazer para Setúbal, nomeadamente no Vale da Rosa e na zona da Mitrena”, denunciou. Uma situação que “não se fiscaliza, não se sabe o que aconteceu, porque é que aconteceu”.

O acesso a Troia foi também tema em destaque. Para Fernando Pinho, “os setubalenses e os azeitonenses foram espoliados de Troia quando alguém ofereceu isto ao grupo Sonae”. Isto já que os preços para ir aí à praia são “incomportáveis”. Seria assim necessário que o passe social pudesse abranger aquela que tem sido a praia de eleição de várias gerações de pessoas.

O resultado foi uma “pressão enormíssima sobre as praias da serra” da Arrábida que têm acesso limitado. Nestas, o problema é que “os novos donos da comenda vedam tudo e a autarquia não se pronuncia diz que está em negociações, não sabemos quando nem o que estão a negociar”.

O cabeça de lista do Bloco em Setúbal identificou ainda mais um conjunto de problemas no concelho. Por exemplo, “há uma série de locais em que não há saneamento básico”, há uma “ausência total de políticas de habitação social” (“há mais de 30 anos que não se constrói, que não se recupera habitação em Setúbal”), a autarquia “tem ignorado os sem-abrigo” (e são necessárias “políticas de uma verdadeira inclusão) e tem de haver uma “mudança nas políticas culturais de um só sentido que não respeitam nada nem ninguém” e são “de gosto e custos altamente duvidosos”.

A este propósito defende-se a “urgente construção de uma biblioteca há mais de 35 anos prometida”. “É a única capital de distrito que não tem uma biblioteca com dignidade, com dimensão, com escala”, refere.

Se falta uma biblioteca com condições, não faltou a Setúbal a construção de “uma rotunda com um repuxo em frente ao hospital que parece um bunker”. Esta custou 400 mil euros e Fernando Pinho lançou a questão se esta “era uma prioridade nesta altura de pandemia”.

O candidato mostrou-se ainda “contra a discriminação a que a cidade tem sido votada pelo poder central”. Têm “falhado grandemente os apoios centrais”, considera, e, para além disso, a inclusão de Setúbal na área metropolitana de Lisboa na região NUTS, feita em 2013 pelo PSD, “deixou de permitir que Setúbal recebesse alguns apoios”. Por isso, o Bloco tem defendido a criação de uma NUTS para a zona de Setúbal.

Salientando que a candidatura que representa não defende “uma clientela política ou outra”, Fernando Pinho, salientou ainda outros pontos em que urge mudar: mais transportes, mais transparência, mais participação e um turismo de qualidade.

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