Cerca de duas centenas estudantes da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD) encheram esta quinta-feira o largo da Câmara Municipal de Vila Real com lençóis e almofadas, em protesto contra a falta de alojamento e residências.
"Uma academia sem teto" foi a mensagem que os estudantes deixaram frente à autarquia transmontana. "Existe uma crise há muitos anos no alojamento estudantil e não está a ser colmatada", declarou ao JN José Pinheiro, presidente da Associação Académica da UTAD (AAUTAD). "Ligámos para uma imobiliária e disse que tinha 150 pessoas em lista de espera", acrescentou, dando o exemplo de quartos que subiam de preço mais de 30% de um dia para o outro. Muitos estudantes, sobretudo os mais carenciados, "tiveram de ir viver para a periferia de Vila Real, sem acesso a transportes públicos", completou. Ainda antes da manifestação, o líder da AAUTAD já afirmara à TSF que "há cinco anos, os estudantes transmontanos pagavam entre 100 e 125 euros, esse valor escalou muito rapidamente para os 180 a 200 euros".
Para o responsável estudantil, a academia transmontana precisaria de pelo menos mais 300 camas para suprir as carências e moderar a inflação no mercado privado. Criticou também o desinvestimento do Estado nas universidade no interior do país: "Covilhã e Braga não tiveram aumento de camas. Aveiro teve um aumento de 8%", declarou à TSF.
Este ano, na primeira fase de colocações, entraram 1339 alunos na UTAD. Cerca de 70% dos alunos da instituição são deslocados, cerca de 45% recebem bolsa de ação social direta, o que faz com que as 530 camas de que dispõe a universidade "sejam insuficientes para reduzir a inflação que existe neste momento no mercado privado", declarou o presidente da AAUTAD à TVI.
O reitor da UTAD e também presidente do Conselho de Reitores, Fontainhas Fernandes, declarou à TSF que tem estado "a conversar com os estudantes ao longo do tempo" e considerou a manifestação "um sinal de alerta". Secundou também as críticas ao desinvestimento público: "se formos olhar para a data em que houve investimentos na ação social, foi há mais de uma década". Acrescentou que a UTAD pretende requalificar de dois imóveis, que acrescentariam mais 200 camas, mas aguarda autorização da tutela, e instou o governo a "dar um novo impulso a um plano que traçou para o alojamento".