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Um livro que promete “muita polémica e muita informação”
O jornalista Nicolau Santos foi o convidado para apresentar em Lisboa o livro de Jorge Costa, Francisco Louçã e João Teixeira Lopes que desvenda a teia entre negócios e política de Lisboa e Luanda. E não poupou críticas à “permissividade do sistema financeiro português” ao investimento dos homens fortes do regime angolano, agravado pela crise que pôs a elite económico-financeira e o poder político “de joelhos perante o capital angolano”, relata a agência Lusa.
O forte investimento angolano em grupos de imprensa portugueses também é visto com apreensão pelo jornalista, que vê nessas injeções de capital uma intenção de “evitar notícias desagradáveis” para o círculo próximo de Eduardo dos Santos e “amaciar a imagem” de Angola.
Para Jorge Costa, “não há outro caso de um país que tenha entregue a sua soberania económica como Portugal fez com Angola”, o que reforça o interesse de analisar e dar a conhecer os nomes e os rostos dos atuais e antigos governantes portugueses que ligam os dois lados do negócio.
O lançamento contou com a presença dos três autores e dirigentes do Bloco de Esquerda. Francisco Louçã assegurou às dezenas de pessoas presentes no Chiado que o livro dará “muita polémica e muita informação” sobre um tema que considera “o mais importante debate democrático sobre o que é Portugal” hoje. Por seu lado, João Teixeira Lopes defendeu que o debate público que o livro levanta deve ser feito “sem interditos, sem tabus, sem constrangimentos”.
Dirigente do Bloco Democrático presente no lançamento
Carlos Lopes, dirigente do partido da oposição Bloco Democrático, afirmou à agência Lusa que a concentração de riqueza descrita no livro “Os Donos Angolanos de Portugal” explica “a pobreza em Angola”, uma vez que se “os milhões de dólares” de investimento angolano em Portugal fossem investidos em Angola, seria possível “combater a pobreza que existe” no país. “As relações económicas andam de braço dado com as relações políticas, isso é inevitável em qualquer parte do mundo”, acrescentou Carlos Lopes, sublinhando a importância de não haver “nenhum tabu” no debate e agradecendo aos autores “a coragem” de tratar o tema.
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