Trump indultou vários criminosos de colarinho branco

19 de fevereiro 2020 - 19:21

O presidente dos EUA decidiu, esta terça-feira, comutar a pena de vários criminosos condenados por fraude e corrupção, pertencentes à elite económica e política do país. Da lista fazem parte dadores de campanhas republicanas, um amigo do seu advogado, um comentador habitual da Fox News, entre outros famosos.

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Donald Trump fala à imprensa sobre o perdão a vários criminosos de colarinho branco.
Donald Trump fala à imprensa sobre o perdão a vários criminosos de colarinho branco. Foto de LUSA/EPA/Stefani Reynolds / POOL

São do mundo da política, do desporto e dos negócios dos Estados Unidos. Partilham o facto de terem cometido crimes de colarinho branco e de pertencerem à elite do país. Agora junta-os também o facto de terem sido indultados por Donald Trump.

Em Portugal não serão nomes conhecidos. Nos EUA, os seus nomes foram fazendo, à vez, notícia pelos casos de corrupção nos quais foram condenados. Da lista fazem parte:

- Rod R. Blagojevich, ex-governador do Illinois e que chegou a aparecer no programa televisivo que tornou Trump famoso em todo o país, foi condenado a 14 anos de prisão por tentar vender um lugar no Senado;

- Michael R. Milken, financeiro que ficou conhecido como “o rei das ações especulativas” foi condenado por fraude, deu donativos para várias campanhas dos Republicanos;

- Paul Pogue, empreiteiro declarado culpado de fraude fiscal, que também é dador de campanha de Trump;

- Bernard B. Kerik, ex-chefe da polícia de Nova Iorque e presença frequente na Fox News, deu-se como culpado de fraude fiscal e de mentir ao governo, foi um colaborador próximo de Giuliani, o controverso advogado de Trump que tinha sido mayor de Nova Iorque;

- Edward J. DeBartolo Jr, que foi dono da equipa de futebol americano San Francisco 49ers, foi condenado a pagar uma multa de um milhão de dólares na sequência de se ter declarado como culpado de esconder uma tentativa de suborno;

- David Safavian, alto funcionário do Estado na administração de George W. Bush, tinha sido condenado a um ano de prisão por ter mentido acerca das ligações a um lobista e por obstrução à justiça nas investigações aos negócios deste.

Trump justificou a utilização deste poder presidencial com a teoria de que alguns deles terão sido “perseguidos pelas mesmas pessoas – Comey, Fitzpatrick, o mesmo grupo”. James Comey, ex-diretor do FBI foi despedido por Trump na altura da investigação à interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas.

O presidente norte-americano habitualmente recebe recomendações de perdões deste tipo que vêm inicialmente do Departamento de Justiça, passam pelo Procurador Geral que as analisa e depois passa a decisão final para a presidência. Trump decidiu fazer um curto-circuito no processo referindo apenas que agiu segundo recomendações “de amigos de longa data, de executivos, celebridades, dadores de campanha, figuras desportivas e aliados políticos”, segundo um comunicado da Casa Branca.

O Senador Bernie Sanders, candidato às primárias democratas, foi um dos muitos políticos da oposição a reagir criticamente. Declarou: “hoje, Trump concedeu clemência a fraudes fiscais, bandidos de Wall Street, bilionários e funcionários governamentais corruptos. Enquanto isso, milhares de miúdos pobres e filhos da classe trabalhadora estão fechados nas prisões devido a condenações por crimes não violentos relacionados com o uso de drogas. Isto é a cara de um sistema de justiça criminal destruído e racista”.