Trabalhadores de fábrica de urnas enfrentam desemprego

31 de outubro 2023 - 13:28

Para além dos quatro meses de salários em atraso, os trabalhadores desesperam porque a administradora de insolvência demora a passar o documento necessário para requererem subsídio de desemprego. Esta segunda-feira reuniram com o sindicato à porta da empresa.

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Ecournas. Imagem da Google Street View.

A fábrica de urnas Ecournas, na Lomba, em Amarante, foi declarada insolvente a 16 de outubro. Para trás deixou os seus vinte trabalhadores com salários em atraso “há cerca de quatro meses” e agora “tarda” em entregar-lhes o documento necessário para requererem o subsídio de desemprego, dizem estes.

Esta segunda-feira de manhã, os trabalhadores encontraram-se à porta da empresa com dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Madeira, informa o Jornal de Notícias, reunião à qual se juntou uma equipa de inspetores da Autoridade para as Condições do Trabalho.

Também as outras duas fábricas do mesmo grupo estão em má situação, com a AJF em processo de insolvência e a Vanguarda Sadia “ao que tudo indica também poderá seguir o mesmo caminho”, escreve aquele diário.

Sobre a questão do subsídio de desemprego, o porta-voz dos trabalhadores, Luís Oliveira, afirma que já pediram “o papel, mas a Administradora de Insolvência diz que tem 45 dias para o fazer” e “até agora não passou o documento para entregarmos no Centro de Emprego e nós continuamos sem qualquer apoio”.

Este trabalhador explica o que se passa, dizendo que “quando se ganhava praticamente o ordenado mínimo, que dava para viver com algum custo durante o mês, e de repente deixamos de o receber, é fácil perceber a dura situação em que nos encontramos”.

O seu colega José Silveira, também ouvido pelo JN, dá conta sua situação: “vive-se muito mal, vamo-nos segurando com ajuda dos pais. Deixei de lhes pagar a renda”.

Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção e Madeira, considera que “a demora a que estes trabalhadores estão a ser sujeitos” para terem acesso ao subsídio de desemprego de que precisam urgentemente “é uma situação que revela uma grande insensibilidade”.

Já Paula Nunes, inspetora da ACT presente no local, diz ao mesmo jornal que a Administradora de Insolvência “tem a responsabilidade de emitir o documento 5044”, mas esta “pode ainda não ter tido tempo para despachar o processo, atendendo que a sentença de declaração de insolvência só foi proferida em meados deste mês”. Garantiu, porém, aos trabalhadores que iria contactá-la “no sentido de perceber se é possível acelerar o processo de acesso ao Subsídio de Desemprego, por um lado e, por outro, diligenciar o pagamento dos créditos para que os trabalhadores possam reclamar”, escreve o JN.