A greve na Valorsul arrancou esta quarta-feira e estende-se até domingo, envolvendo vários turnos e equipas. As primeiras horas de paralisação foram na unidade de São João da Talha, onde é realizada a incineração de resíduos. A greve levou à paragem total da atividade nesta unidade, sem qualquer entrada de camiões para deixar resíduos e tendo o forno sido desligado.
Para o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA), a administração dominada pelo Grupo EGF e pela Mota-Engil quer "andar para trás", denunciando que se prepara para impor "de forma unilateral", ameaçando decisão por ato de gestão, uma "atualização salarial manifestamente insuficiente".
O piquete desta madrugada em São João Talha contou com a presença do secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira. Também o eurodeputado bloquista José Gusmão, candidato às eleições europeias, marcou presença no piquete e transmitiu uma mensagem de solidariedade do Bloco de Esquerda à luta dos trabalhadores.
Os trabalhadores pedem aumentos salariais que compensem a perda de poder de compra dos últimos anos, tendo iniciado as negociações com a administração com uma proposta de atualização salarial de 15%, com garantia de um aumento mínimo de 150 euros, de forma a mitigar as diferenças salariais na empresa. Além do salário, o sindicato levou para a mesa das negociações a reivindicação antiga da redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.
Perante a ausência de qualquer sinal de aproximação da administração da Valorsul às propostas sindicais, os trabalhadores decidiram em plenário avançar para a paralisação. O pré-aviso de greve foi entregue a 7 de maio, com uma antecedência superior ao prazo previsto legalmente, com a intenção de dar margem para desbloquear a negociação e evitar a paralisação. No entanto, a administração da empresa não evoluiu da sua posição inicial que consiste num aumento de 3,5%. Ou seja, novamente abaixo da inflação verificada em 2023. E ainda tentou acenar com a redução do horário de trabalho, mas com perda de direitos previstos no Acordo de Empresa, o que é rejeitado pelos trabalhadores.
A greve segue nos próximos dias, estando prevista uma forte adesão, encerramento das várias instalações abrangidas e alguma perturbação na recolha e tratamento dos resíduos sólidos urbanos dos 19 municípios em que atua a Valorsul.