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Trabalhadoras da limpeza dos hospitais lutam contra cortes e precariedade

Durante a pandemia eram louvadas por serem trabalhadoras da primeira linha. Agora viram cortado o subsídio de alimentação pela empresa que as contrata, a Talenter. Isabel Pires critica a contratação de uma empresa de trabalho temporário porque é uma “opção que claramente não protege quem trabalha” e “acrescenta precariedade”.
Trabalhadoras da limpeza dos hospitais em manifestação. Maio de 2021. Foto do facebook de Isabel Pires.
Trabalhadoras da limpeza dos hospitais em manifestação. Maio de 2021. Foto do facebook de Isabel Pires.

As trabalhadoras dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais contratadas pela Talenter fizeram esta segunda-feira greve e manifestaram-se em frente ao Ministério da Saúde. Trabalham na limpeza dos hospitais Garcia de Horta de Almada, de Coimbra e de Viseu/Tondela e contestam o corte no subsídio de alimentação.

A dirigente do STAD, Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas, Vivalda Silva, explica em declarações à Lusa que as trabalhadoras estão a ganhar menos do que no ano passado. Sofreram um corte de 11 euros por mês em salários à volta de 678 euros, o “que é muito dinheiro para as trabalhadoras”.

O corte aconteceu apesar da Talenter, quando o negócio com os SUCH foi feito, ter garantido que não haveria perda de rendimentos em 2021 e que os direitos adquiridos se manteriam intocáveis. Depois, a partir do final de janeiro, a empresa aproveitou-se da cláusula do contrato coletivo de trabalho que diz que estes subsídios são proporcionais aos horários quando “durante muitos anos o SUCH sempre pagou o subsídio de alimentação de tempo inteiro como se fizessem oito horas às trabalhadoras que fazem 5/6/7 horas e sempre pagou os dias todos”.

Para além desta questão, acrescenta Carlos Trindade, da mesa da Assembleia Geral do mesmo sindicato, a empresa também “reduziu o trabalho em tempo extraordinário nos feriados, em vez de pagar em 200%, como sempre foi, pagou a 100% e está, inclusive, a contratar trabalhadores só para trabalhar no fim de semana e nos feriados”.

Em comunicado, o STAD diz que se criou desta forma “um outro problema laboral gravíssimo – o do trabalho precário nos hospitais”. Isto porque “desde sempre e legalmente quando necessário, o trabalho aos domingos e aos feriados foi sempre realizado pelas trabalhadoras de limpeza hospitalar, que são experientes pois conhecem a função e executam o trabalho durante a semana – recebendo-o como trabalho suplementar, havendo ainda a possibilidade de as trabalhadoras poderem trocar entre elas quando não podiam prestar o trabalho em dias feriados”.

Agora, a Talenter passou a contratar trabalhadores exteriores ao hospital, “precários, sem experiência e competência (sem categoria profissional) somente para fazerem o trabalho suplementar aos domingos e feriados”.

Presente na concentração desta segunda-feira, a deputada bloquista Isabel Pires manifestou a sua solidariedade para com estas trabalhadoras defendendo que a subcontratação de uma empresa de trabalho temporário é uma “opção que claramente não protege quem trabalha” e que “não se compreende”.

Para ela, “num setor tão afetado e com condições de trabalho tão difíceis, esta opção é acrescentar precariedade, quando estamos no momento de lutar por mais direitos”.

Trabalhadoras da limpeza hospitalar manifestam-se hoje pelo pagamento do subsídio de refeição e pelo cumprimento dos...

Publicado por Isabel Pires em Segunda-feira, 3 de maio de 2021

 

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