As trabalhadoras dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais contratadas pela Talenter fizeram esta segunda-feira greve e manifestaram-se em frente ao Ministério da Saúde. Trabalham na limpeza dos hospitais Garcia de Horta de Almada, de Coimbra e de Viseu/Tondela e contestam o corte no subsídio de alimentação.
A dirigente do STAD, Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas, Vivalda Silva, explica em declarações à Lusa que as trabalhadoras estão a ganhar menos do que no ano passado. Sofreram um corte de 11 euros por mês em salários à volta de 678 euros, o “que é muito dinheiro para as trabalhadoras”.
O corte aconteceu apesar da Talenter, quando o negócio com os SUCH foi feito, ter garantido que não haveria perda de rendimentos em 2021 e que os direitos adquiridos se manteriam intocáveis. Depois, a partir do final de janeiro, a empresa aproveitou-se da cláusula do contrato coletivo de trabalho que diz que estes subsídios são proporcionais aos horários quando “durante muitos anos o SUCH sempre pagou o subsídio de alimentação de tempo inteiro como se fizessem oito horas às trabalhadoras que fazem 5/6/7 horas e sempre pagou os dias todos”.
Para além desta questão, acrescenta Carlos Trindade, da mesa da Assembleia Geral do mesmo sindicato, a empresa também “reduziu o trabalho em tempo extraordinário nos feriados, em vez de pagar em 200%, como sempre foi, pagou a 100% e está, inclusive, a contratar trabalhadores só para trabalhar no fim de semana e nos feriados”.
Em comunicado, o STAD diz que se criou desta forma “um outro problema laboral gravíssimo – o do trabalho precário nos hospitais”. Isto porque “desde sempre e legalmente quando necessário, o trabalho aos domingos e aos feriados foi sempre realizado pelas trabalhadoras de limpeza hospitalar, que são experientes pois conhecem a função e executam o trabalho durante a semana – recebendo-o como trabalho suplementar, havendo ainda a possibilidade de as trabalhadoras poderem trocar entre elas quando não podiam prestar o trabalho em dias feriados”.
Agora, a Talenter passou a contratar trabalhadores exteriores ao hospital, “precários, sem experiência e competência (sem categoria profissional) somente para fazerem o trabalho suplementar aos domingos e feriados”.
Presente na concentração desta segunda-feira, a deputada bloquista Isabel Pires manifestou a sua solidariedade para com estas trabalhadoras defendendo que a subcontratação de uma empresa de trabalho temporário é uma “opção que claramente não protege quem trabalha” e que “não se compreende”.
Para ela, “num setor tão afetado e com condições de trabalho tão difíceis, esta opção é acrescentar precariedade, quando estamos no momento de lutar por mais direitos”.
Trabalhadoras da limpeza hospitalar manifestam-se hoje pelo pagamento do subsídio de refeição e pelo cumprimento dos...
Publicado por Isabel Pires em Segunda-feira, 3 de maio de 2021