Aumentos salariais de 90 euros, redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, pagamento do subsídio de risco de 7% e do trabalho ao fim de semana com mais um euro por hora, atualização do subsídio de refeição para 5,10 euros, criação de um regime de cinco diuturnidades com vinte euros cada, realização de testes de despistagem para a covid-19 e atribuição de uma compensação extraordinária covid-19, criação de um complemento de doença e de acidentes e reforço do quadro de pessoal. Este é o caderno reivindicativo na base de uma greve de dois dias consecutivos dos trabalhadores do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), convocada pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) e que se inicia esta quinta-feira.
O sindicato reclama que a administração se tenha comprometido a apresentar uma proposta de aumentos salariais, “mas deu o dito por não dito”, o que considera “uma afronta aos trabalhadores, dado que a esmagadora maioria destes recebem apenas o salário mínimo nacional”.
Em comunicado, a federação sindical esclarece ainda que “o SUCH recusa também a compensação complementar decidida na Assembleia da República para os trabalhadores do SNS, sendo que os trabalhadores do SUCH foram equiparados aos funcionários públicos, designadamente os que trabalham nas cantinas, lavandarias, resíduos e manutenção hospitalar”.
Os trabalhadores classificam as condições de trabalho como “horríveis e violentas”, faltando pessoal e “proteção devida” aos trabalhadores, e havendo “condições obsoletas dos equipamentos e instalações”.
Para além da greve, a FESAHT marcou uma concentração para a manhã desta quinta-feira à porta do Hospital São João, no Porto, e outra para o Hospital de São Teotónio, em Viseu. Na sexta-feira, haverá uma concentração à porta do HUC em Coimbra.
Foi na concentração do Porto que o dirigente sindical Francisco Figueiredo fez um primeiro balanço da greve. À Lusa revelou: “registamos 100% de adesão nas cantinas e bares (alimentação), em todos os hospitais, e 80% nas lavandarias, resíduos, manutenção e demais serviços de apoio prestados pelo SUCH”.
Francisco Figueiredo assinalou que a greve foi marcada porque “não havia outra alternativa” devido à “postura de afrontamento do SUCH aos sindicatos e aos trabalhadores” que, “na prática e sem o dizer diretamente, rompeu as negociações, ao não apresentar qualquer contraproposta e ao recusar qualquer proposta sindical que representasse custos”. Os sindicalistas esclarecem que “qualquer proposta representava encargos” e por isso interrogam-se “o que estávamos a fazer na mesa negocial se o SUCH recusava qualquer proposta?”