Na tarde desta sexta-feira, os técnicos de reinserção manifestaram-se em frente à tutela, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, em Lisboa. Vestidos de preto com camisolas a dizer "justiça para quem nela trabalha", entregaram aí um caixão como forma simbólica de protesto contra o que consideram ser a “morte das carreiras”.
Em dia de greve, o Sindicato dos Técnicos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais convocou a ação para reivindicar revisão das carreiras, reforço dos recursos humanos, o pagamento de suplementos de risco e penosidade e que finalmente se abra o concurso de promoções que já tinha sido aprovado pelo Ministério das Finanças desde dezembro.
Ao mesmo tempo, decorre desde 1 de janeiro uma greve às horas extraordinárias que se vai arrastar ao longo do ano.
À Lusa, Pedro Gonçalves, secretário-geral da organização, explica que é tempo do governo investir na reinserção social que não pode ser um "mero chavão político para enganar as pessoas". As carreiras específicas da reinserção social não são revistas há anos. E, em vez de recrutar mais pessoal, a DGRSP opta recrutar técnicos de outros serviços e carreiras para realizar as funções dos técnicos de reinserção, queixa-se.
A realidade do setor é a de trabalhadores que “estão a definhar em termos económicos", exemplificando-se que há profissionais dos centros educativos que ganham pouco acima do ordenado mínimo, o que considera “lamentável” dada a “responsabilidade que estas pessoas têm".
Este sindicato foi criado em 2019 e representa os trabalhadores das carreiras técnicas não revistas da DGRSP: técnico profissional de reinserção social (que exercem funções essencialmente nos Centros Educativos e no serviço de vigilância eletrónica), técnico superior de reinserção social (que exercem funções essencialmente nas equipas de reinserção) e técnico superior de reeducação (que exercem funções nos estabelecimentos prisionais).
Uma carreira “completamente desfasada da realidade”
O dirigente bloquista José Soeiro marcou também presença no protesto, demonstrando a sua solidariedade com estes trabalhadores que “têm a carreira não revista desde 2008, completamente desfasada da realidade”.
O deputado fez as contas e diz que “se nessa altura os seus salários estavam 300 euros acima do salário mínimo, agora estão pouco mais de um euro além dele”, sendo isso “muito pouco para quem tem tantas responsabilidades”.
Acrescentou ainda que “as progressões estão estagnadas há anos” e que “com uma carreira tão desvalorizada, tão longe do que ganham os técnicos superiores da carreira geral da administração pública, por exemplo, o recrutamento é difícil e há até casos em que o Estado recorre a técnicos sem competência legal para fazer os relatórios que vão para os tribunais”.