Está aqui
Swaps: Governo contratou responsável por negócio ruinoso de 2003
A empresa StormHarbour - apelidada na imprensa de "boutique financeira" - foi contratada por ajuste direto pela Agência de Gestão do Crédito Público (IGCP) para decifrar as cláusulas dos contratos swap assinadas pelas empresas públicas com a banca internacional. Na prática, em vez de protegerem as empresas contra as oscilações dos juros durante esta década, esses contratos colocaram-nas à mercê do casino financeiro, acumulando cerca de 3 mil milhões de perdas potenciais para os cofres públicos.
O responsável pela StormHarbour em Lisboa é o economista Paulo Gray, ex-representante do Citigroup em Portugal. Foi nesta qualidade que assinou há dez anos o contrato de titularização de dívidas fiscais com a ministra das Finanças do Governo Durão Barroso. Manuela Ferreira Leite não hesitou em dar luz verde numa operação que visava manter o défice abaixo dos 3% em 2003, mas que se revelou ruinosa, tal como estes contratos swap.
No contrato assinado entre o Governo PSD/CDS e o Citigroup, o Estado português recebeu 1,76 mil milhões de euros por dívidas fiscais e à Segurança ainda por cobrar, prevendo que seria necessário substituir 3% do pacote vendido ao gigante financeiro internacional. Mas as contas estavam feitas por baixo, muito por baixo: essa taxa de substituição acabou por ser muito superior, comprometendo a receita fiscal nos anos seguintes. A substituição das dívidas incobráveis, o juro implícito da operação (calculado em 17,5% pelo Tribunal de Contas em 2010) e as generosas "despesas de operação" pagas ao Citigroup, levaram o Estado a antecipar o fim desta operação em 2011, calculando o valor total das transferências para o Citigroup em mais de 2 mil milhões de euros.
Dez anos depois, Paulo Gray - agora pela StormHarbour - está de volta aos negócios com o Governo PSD/CDS. Para além da avaliação dos contratos das empresas públicas, a sua empresa também participou no propalado "regresso aos mercados" do início do ano, ajudando a organizar para o IGCP um conjunto de reuniões com potenciais investidores na dívida portuguesa, que se revelaram na maioria fundos de especulação estrangeiros. Neste "roadshow", a StormHarbour teve a colaboração do banco Morgan Stanley, o empregador de Moreira Rato antes de ser nomeado por Vítor Gaspar para dirigir o IGCP, e do próprio Citigroup, onde Paulo Gray fez carreira antes de lançar a sua "boutique financeira".
Comentários
As raposas guardam o
As raposas guardam o galinheiro!
É curioso... Não há
É curioso... Não há responsáveis do Largo dos Ratos ?????
AMIGOS de PEITO...
Temos de denunciar a responsabilidade dos da direita e dos da esquerda senão estamos a fazer o papel de AMIGOS de PEITO ou seja de ladrões...
Alguém me poderia mostrar
Alguém me poderia mostrar qual é o contracto assinado entre o PSD/CDS e o Citigroup?
Adicionar novo comentário