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Super ciclone Amphan provoca evacuações na Índia e Bangladesh

Esta é um fenómeno de intensidade não observada na região há cerca de 20 anos, com ventos na ordem dos 265 km/h. Milhares de pessoas na região vivem na dúvida de enfrentarem a tempestade no local ou de se deslocarem e correrem o risco de contrair o coronavírus.
Super ciclone Amphan atinge a Índia e Bangladesh, no dia 20 de Maio de 2020. Fotografia por Earth Observatory/NASA.

Tempos estranhos estes, em que uma evacuação de emergência é determinada por regras de distanciamento. A tempestade mais violenta na Baía de Bengala neste século tem o nome de Amphan e é um ciclone tropical de categoria 5. Evoluiu rapidamente, afetando milhões de pessoas na fronteira da India com o Bangladesh - e a pandemia de covid-19 está a afetar a retirada das pessoas, pode ler-se no Guardian.

Este ciclone é considerado o primeiro ciclone do oceano índico norte da temporada de ciclones 2020 e o Bangladesh teme que esta possa ser a tempestade mais poderosa desde 2007, ano em que o ciclone Sidr devastou o país, causando 3.500 mortes e milhares de milhões em prejuízos.

As autoridades das regiões esforçaram-se para evitar fazer evacuações em massa das populações e os trabalhadores migrantes, para tentar impedir a propagação do coronavírus, com as taxas de infecções a contunarem crescentes em ambos os países.  

No mar, o sistema climático visível a partir da imagem de satélite e no dia 18 de Maio foram medidos ventos na ordem dos 265km/h, o que o torna num fenómeno de intensidade rara e extrema - um superciclone. Como é normal, espera-se que diminua de intensidade à medida que entre pela terra adentro, mas até lá e com a sua categoria 5, é espectável que possa "causar danos extensos e em larga escala", disse o chefe do escritório de meteorologia da Índia, Mrutyunjay Mohapatra, no Guardian.

Os ciclones tropicais são menos propensos a serem formados no Oceano Índico do que nas bacias do Atlântico ou do Pacífico. Contudo, as tempestades que se formam nas águas quentes e rasas da Baía de Bengala têm a reputação de serem extraordinariamente destrutivas, em parte devido ao facto de ser uma baía semi-fechada, em que tempestades que lá se formam muito provavelmente atingem a terra, já que não há saída para o mar. Além disso, grande parte da costa é densamente povoada e de baixa altitude, o que significa que quando estas tempestades atingem a terra, os danos em estruturas e vidas humanas tendem a ser consideráveis.

O departamento meteorológico indiano calculou uma tempestade de ondas até aos 5 metros, que poderia inundar as habitações de lama ao longo da costa, arrancar torres de comunicação e inundar estradas e trilhos. Este fenómeno, conhecido em inglês por storm surge, corresponde a uma ascenção das águas do mar associada a fenómenos de baixas pressões atmosféricas, acompanhadas pela subida de marés e empurrada pelos ventos dos furacões, em fenómenos semelhantes a tsunamis.

Em 1999 o estado oriental de Odisha, na Índia, foi atingido por um super ciclone que matou quase 10.000 pessoas. Oito anos antes, um tufão, tornados e inundações mataram 139.000 pessoas em Bangladesh. As autoridades de Bangladesh temem que Amphan seja a tempestade mais poderosa desde que o ciclone Sidr devastou o país em 2007, causando a morte acerca de 3.500 pessoas e bilhões de dólares em prejuízos. O país tem-se esforçado para trazer 2,2 milhões de pessoas para a segurança, enquanto Bengala Ocidental estava a realojar cerca de 300.000 pessoas.

Um grupo de ajuda dos Serviços de Socorro Católico (CRS) reconheceu que as pessoas enfrentam "uma escolha impossível", ou enfrentar o ciclone permanecendo no mesmo local ou correr o risco de infecção pelo coronavírus num abrigo. As autoridades de ambos os países referiram que estão a usar o espaço extra para reduzir aglomerados, para além de tornar obrigatório o uso as máscaras faciais e fornecer sabão e desinfetante extras. O Guardian refere ainda que existem "salas de isolamento separadas nos abrigos para qualquer paciente infectado", referiu em comunicado  à AFP Enamur Rahman, ministro júnior da gestão de desastres no Bangladesh.

A situação dos refugiados rohingya, embora fora da rota prevista do Amphan, é uma preocupação, já que as condições dos campos de refugiados é paupérrima. Vivem em campos sobrelotados e alojados em barracas frágeis e improvisadas, onde já foram detetados casos de coronavírus na semana passada. "As fortes chuvas, inundando e destruindo casas e terras agrícolas, aumentarão a probabilidade do vírus se espalhar, particularmente em áreas densamente povoadas, como os campos de refugiados no Cox's Bazar", disse a ActionAid. "Sem dúvida, também aumentará o número de vidas e meios de subsistência já perdidos por essa pandemia."

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