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Suécia: trabalhadores dos correios juntam-se a mecânicos e estivadores na greve da Tesla

O fabricante norte-americano de carros elétricos recusa-se assinar o contrato coletivo do setor. No final do mês passado, 130 mecânicos começaram uma greve em protesto. Agora são já dez os sindicatos envolvidos na defesa do “modelo sueco” de contratação coletiva contra a empresa de Elon Musk.

Em finais de outubro, os 130 mecânicos das dez oficinas de reparação dos veículos elétricos da Tesla, em sete cidades diferentes da Suécia, iniciaram uma greve que se tem alastrado. A 7 de novembro, os trabalhadores portuários passaram a recusar descarregar os automóveis que chegam ao país. Primeiro nos quatro maiores portos do país, a partir desta sexta-feira abrangendo todo o país.

Os eletricistas também pararam os trabalhos de manutenção, o que afeta por exemplo as estações de carregamento. Assim como os serviços de limpeza e manutenção que irão ser suspensos a partir de 28 de novembro.

A razão desta forte luta sindical é que a empresa de Elon Musk se recusa a cumprir o contrato coletivo de trabalho do setor, nomeadamente quanto à questão salarial. E o mais recente anúncio é o dos trabalhadores dos serviços postais do país, representados pelo Seko, Sindicato dos Empregados de Serviços e Comunicações, que também decidiram juntar-se a esta luta. Assim entregas e recolhas de correio e encomendas não serão feitas, o que coloca em causa o transporte de peças sobresselentes e de componentes para as reparações.

A presidente deste sindicato, Gabriella Lavecchia, em comunicado citado pela agência de notícias AFP, explica que o incumprimento pela Tesla dos contratos coletivos é uma tentativa de obter uma vantagem competitiva ao estipular salários e condições inferiores. À RTBF, acrescenta que por isso trata-se aqui da defesa do “modelo social sueco”, “um modelo que funciona e que tem garantido o aumento dos salários, permitindo simultaneamente que as empresas prosperassem”. Neste país do norte da Europa não há salário mínimo, mas 90% das empresas aceitam a contratação coletiva cujas negociações acontecem de três em três anos. O seu cumprimento não é obrigatório, apesar de ser regra generalizada.

Ao mesmo órgão de comunicação social, Arturo Vasquez, do IF Metall, o sindicato que começou o movimento e que representa no total 300.000 trabalhadores, explica que a luta é “muito importante” porque “envia um sinal não só para a Suécia, mas para toda a Europa,sobre a importância dos sindicatos e dos acordos coletivos. Se não o fizermos, acabaremos como nos Estados Unidos, na América Latina ou na China... sem direitos laborais garantidos”.

No panorama laboral sueco, é preciso recuar até 1995 e à greve de três meses que então aconteceu na empresa norte-americana de fabrico e comercialização de brinquedos Toys’R’Us, para encontrar uma greve de dimensão ou duração semelhante. Até ao momento, são já dez diferentes sindicatos envolvidos no processo de luta.

A Tesla é conhecida pela sua atuação fortemente anti-sindical nos países em que opera e desrespeita flagrantemente os acordos coletivos de trabalho setoriais na Suécia. E a greve neste país constituirá um rombo importante na atividade da empresa que tem aí até ao momento uma quota de mercado de 7,2% no conjunto do setor automóvel, mais de 19% se tivermos em conta apenas os veículos elétricos. E é um negócio em crescendo. Este ano, 63% das novas matrículas pedidas no país foram para veículos da Tesla.

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