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Sociedade «A Voz do Operário» comemora 140 anos

Pela história, pela atividade que mantém e pela sua sede, A Voz do Operário é um monumento vivo do movimento operário em Portugal. Por Miguel Pereira
Foto da Voz do Operário.

A «Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário» está a celebrar o seu 140º aniversário. Foi fundada em 1883, na altura como cooperativa, para sustentar o jornal que lhe deu nome. E ainda hoje continua a cumprir essa missão, com uma edição mensal em papel e online.

O jornal é ainda mais antigo, já vem de 1879. E nasceu na altura como órgão dos operários da indústria tabaqueira de Lisboa.

Atividade cultural

Mas A Voz do Operário é muito mais. Numa nota divulgada nas redes sociais, apresenta-se como “uma instituição com valências no campo da educação e apoio social, com atividade cultural permanente e diversificada”, na qual destaca a sua “Gala de Fado” – que já vai na 6ª edição anual.

Apresenta-se também como um elo “dinamizador do associativismo” na cidade de Lisboa, “nomeadamente com os arraiais de Santo António e a Marcha Infantil”.

1.100 alunos

Os seus “sete espaços educativos, distribuídos por três concelhos da área metropolitana de Lisboa, com valências de creche, pré-escolar, primeiro e segundo ciclo, são frequentados por cerca de 1.100 alunos”. Aos quais assegura “metodologias pedagógicas inovadoras que privilegiam a autonomia, participação e entreajuda”.

“Somando cerca de 250 trabalhadores”, A Voz do Operário presta ainda vários “serviços sociais, nomeadamente refeitório social, um centro de convívio para idosos, e apoio domiciliário”.

Na mesma nota, A Voz do Operário salienta a sua “marca” na história da cidade de Lisboa, invocando que “milhares de crianças passaram” pelas suas escolas, e que “milhares de pessoas participaram nas lutas políticas” que ali “encontraram refúgio, mesmo durante o fascismo”.

Monumento

Um outro aspecto em que A Voz do Operário se destaca é a sua sede. Está aliás classificada como ‘Monumento de Interesse Público’. O seu grande salão continua a ser um espaço muito requisitado para diversos eventos, não apenas políticos e sindicais mas também culturais e recreativos.

É um “expoente” de ‘património associativo’. De “edifícios construídos de raiz ou profundamente remodelados para servir como sede de uma associação, nomeadamente de cariz popular e operário”.

O autor do projeto era um arquiteto de renome, Norte Júnior. E foi responsável por outro edifício associativo que está bem em frente da sede nacional do Bloco de Esquerda, na Rua da Palma, em Lisboa: a «Associação de Socorros Mútuos dos Empregados no Comércio e Indústria».

Movimento Operário

Pela história, pela atividade que mantém, e pela sua sede, A Voz do Operário é um monumento vivo do movimento operário em Portugal.

Ao lado de outras associações que perduram, como a «Cooperativa do Povo Portuense» (com 122 anos), a «Sociedade Recreativa Operária», de Santarém (com 107 anos), a «Cooperativa Operária Portalegrense» (com 124 anos), e a ‘irmã mais velha”, a «Caixa Económica Operária», de Lisboa (essa já com 146 anos).

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