Esquerda com Memória

A 10 de janeiro de 1875 - há exatos 150 anos - foi fundado o primeiro partido do movimento socialista em Portugal. De raiz vincadamente operária e anticapitalista, o Partido Socialista Português nasce ligado à Primeira Internacional. Com percurso atribulado e contraditório, extingue-se em 1933 sob a ditadura militar. Dossier organizado por Jorge Costa e Carlos Carujo.

A Guerra Colonial durou mais do dobro da Segunda Guerra Mundial e fez milhares de mortos portugueses e africanos. Urge quebrar o silêncio e desconstruir os mitos em torno deste conflito e do passado colonialista de Portugal. Assim como é imperativo dar visibilidade e garantir direitos às suas vítimas. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

O programa das Conferências Democráticas de alguma forma cumpriu-se: fez a sociedade olhar para si própria e refletir sobre acontecimentos recentes. A iniciativa destes jovens causou um debate político intenso, ressoou na imprensa e na opinião pública, e levou, em última análise, à queda de um governo já fragilizado.

Desde o início, o núcleo português da Internacional é disputado pela influência das alas bakuninistas e marxistas. Depois de parte da direção federal espanhola (anarquista) se ter refugiado em Lisboa brevemente, é a vez de Paul Lafargue e Laura Marx viajarem a Portugal. O genro de Marx será credenciado delegado da secção portuguesa no Congresso de Haia, onde se consuma separação entre anarquistas e marxistas.

Dois anos depois da Comuna, Lisboa pede apoio a Paris para vigiar os militantes portugueses da Primeira Internacional, ligados ao surto grevista. Durante três meses, decorre em Lisboa a “missão Latour”.

No Congresso Socialista de Paris de 1889, que instituiu a efeméride em honra dos mártires de Chicago, estavam dois portugueses. No ano seguinte, o nosso país foi dos primeiros a instituir o 1º de Maio. Sob ameaça das autoridades, rumava-se então à campa de José Fontana e faziam-se greves.

Apesar de cada vez mais secundarizado e de ser irrelevante politicamente e sindicalmente minoritário na Iª República, é o primeiro partido político dos operários que se reclamam do socialismo, expressão primeira da autonomia de classe do proletariado português na sua luta organizada contra o capitalismo.

Emparedado pelos pujantes movimentos anarquista e republicano que ganharam espaço a partir do início do séc. XX, o PSP esteve impedido de levar por diante a sua política reformista, por mais justa que parecesse a linha programática defendida.

Com os amigos da Geração de 70, promoveu a utopia socialista: era o Antero diurno, enquanto o noturno mergulhava frequentemente na angústia. Queria tudo, queria demais, e pouco se conseguia no país preso das contradições de um regime podre e de uma burguesia decrépita e temerosa da modernidade assente na expansão colonial.

Antes das feministas republicanas, já Angelina Vidal praticava um feminismo socialmente mais avançado. Hoje é difícil de imaginar como era inusitado uma mulher atrever-se naquele tempo a ter uma intervenção política. Ainda por cima na oposição ao poder político estabelecido e à classe dominante.