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Sindicato dos Jornalistas denuncia pagamentos em atraso na Global Media

Um “número considerável de trabalhadores precários” não receberam ainda o pagamento dos trabalhos de fevereiro. O grupo recebeu ajudas do Estado, despediu 81 trabalhadores em outubro e vai cortar salários a partir de maio.
O sindicato “solicitou uma reunião à administração do grupo, que ainda não encontrou tempo de agenda para esse encontro".

O Sindicato dos Jornalistas denunciou esta terça-feira atrasos no pagamento aos trabalhadores da Global Media e manifestou a sua preocupação com o futuro do grupo de comunicação social.

A Global Media, detida pelo empresário Marco Galinha através do Grupo BEL, anunciou em outubro o despedimento coletivo de 81 trabalhadores, 17 dos quais jornalistas, depois de ter entrado em lay-off em abril de 2020 e ter recebido 858 mil euros em ajudas diretas do Estado à comunicação social.

A 22 de abril deste ano, anunciou ainda a adesão do grupo ao regime para a retoma progressiva de atividade, justificando assim reduções até 40% do horário de trabalho e em cortes de 6% nos salários acima dos 1.995 euros brutos, em todas as áreas de atividade do grupo.  

Nada disto tem impedido Marco Galinha, através do Grupo BEL, de proceder a aquisições, nomeadamente a aquisição da participação do grupo Impresa na Agência Lusa e na distribuidora VASP, por 2,1 milhões de euros, também em abril.  

O Sindicato adianta que "está a ser confrontado com um número considerável de trabalhadores precários" do grupo "que neste mês de abril ainda não receberam o pagamento dos trabalhos" relativos ao mês de fevereiro.

Os jornalistas nesta situação, que o SJ diz não ter conseguido apurar qual o número exato, "trabalham para as diversas publicações do grupo, nomeadamente para o DN, TSF, JN, O Jogo, entre outros títulos, a recibo verde, e contribuem todos os dias para fazer cada uma das edições".

O sindicato “solicitou uma reunião à administração do grupo, que ainda não encontrou tempo de agenda para esse encontro".

O apoio à retoma progressiva dirige-se a empresas com quebras de faturação de pelo menos 25%, podendo o empregador unilateralmente reduzir o horário de trabalho em função da quebra de faturação.

Em comunicado, o Sindicato avisa o Grupo que "os cortes no tempo de trabalho determinados pelas direções e/ou administrações, seja em horas, seja em dias, devem ser cumpridos quer pelos jornalistas abrangidos, quer pela hierarquia". 

O prolongamento do trabalho "para além do que for definido incorre num atropelo aos direitos dos trabalhadores e compromete o apoio do Estado a ser concedido às empresas que a ele recorrerem", alertam.  

O Sindicato afirma que irá acompanhar "a aplicação destes cortes nos órgãos de comunicação social que os executem, assim como disponibilizará o apoio do gabinete jurídico aos seus associados". 

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