Semedo pede demissão do secretário de Estado e da ministra “dos swaps”

02 de agosto 2013 - 2:48

“Temos um secretário de Estado que andou a vender swaps [para mascarar as contas públicas] e uma ministra das Finanças que andou a comprar swaps enquanto era gestora de empresas públicas. Por isso o Bloco pediu a demissão deste secretário de Estado e renovou a reclamação da demissão da ministra das Finanças (…) que mentiu no parlamento para esconder as suas responsabilidades exatamente neste dossier dos swaps”, afirmou o coordenador do Bloco de Esquerda na Nazaré.

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João Semedo na Nazaré afirmou que o Bloco de Esquerda pediu a demissão do “secretário de Estado que andou a vender swaps” e da “ministra das Finanças que andou a comprar swaps” - Foto de Paulete Matos

Na noite desta quinta feira, realizou-se na Nazaré uma sessão do Bloco de Esquerda, onde foi apresentada a candidatura do partido às autárquicas naquele concelho. Joaquim Piló encabeça a lista para a Câmara e Jorge Ribeiro a lista para a Assembleia Municipal da Nazaré. Na sessão, intervieram ainda a deputada Helena Pinto e o coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo.

João Semedo lembrou que o novo secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, tentou, em 2005, enquanto gestor do banco Citigroup, “convencer o governo da altura da importância dos famosos swaps e procurou convencer algumas empresas públicas a comprar alguns desses swaps”. “Esses swaps tinham os malefícios que todos eles têm, são um grande risco para as contas públicas, para as empresas públicas que os contratam, mas tinham uma outra particularidade que torna esta história mais significativa: esses swaps tinham por objetivo mascarar as contas públicas, aldrabar as contas públicas para esconder dos organismos nacionais e internacionais o valor do défice do país na altura”, sublinhou João Semedo.

O coordenador do Bloco questionou: “Pois este gestor bancário que se propunha vender um produto para enganar as contas públicas é hoje secretário de Estado a tomar conta das nossas contas públicas, nomeado pela atual ministra das Finanças. Digam lá se podemos achar que esta gente é gente séria que fica bem num governo?”

Semedo salientou ainda que “este secretário de Estado tem a responsabilidade de gerir o dossier dos swaps”, lembrou que “temos um secretário de Estado que andou a vender os swaps e temos uma ministra das Finanças que andou a comprar swaps enquanto era gestora de empresas públicas” e questionou de novo: “Não serão estas ligações demasiado estranhas? Não serão estas ligações uma demonstração cabal da incapacidade deste governo em ter transparência naquilo que é tão importante como são as contas públicas, em nome das quais, se pedem tantos sacrifícios e se impõe uma austeridade tão brutal?”

“Por isso o Bloco de Esquerda pediu hoje a demissão deste secretário de Estado e renovou a reclamação da demissão da ministra das Finanças, que além do mais, como sabem, mentiu no parlamento para esconder as suas responsabilidades exatamente neste dossier dos swaps”, concluiu João Semedo.

O coordenador do Bloco abordou também o caso do novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, perguntando: “Como é se pode acreditar que durante nove anos, durante os quais se realizaram no BPN grandes fraudes, alguém que preside ao conselho superior daquele banco não se apercebe que algo de ilegal, de ilegítimo lá se passava?” João Semedo concluiu então, bastante aplaudido: “Das duas uma, se viu e não falou é gravíssimo porque é cúmplice. Se não viu é muito difícil que tenha qualidade para ser ministro de um governo da democracia portuguesa”.

O coordenador do Bloco criticou o Presidente da República, que “pôs uma mão por baixo ao governo”, e o PS por ter aceitado negociar com a direita. “Se o PS se tem recusado a entrar na negociação com a direita, se tem continuado a reclamar a demissão do governo e a realização de eleições hoje já não teríamos de certeza o governo de Passos Coelho e Paulo Portas”, frisou João Semedo.

O coordenador do Bloco de Esquerda falou ainda sobre as eleições autárquicas, lembrando que “no dia 29 de setembro cada um de nós vai escolher o melhor programa para a sua cidade ou vila”, e frisou “mas vamos também votar se queremos que esta austeridade continue”, lembrando que “quem nos governa tem os seus candidatos” em cada órgão autárquico. “Apesar de estarem com o emblema muito escondido, os candidatos do PSD e do CDS lá estão para, nas Câmaras, Assembleias Municipais e freguesias para continuarem a apoiar a política de austeridade e a defender este governo” recordou Semedo e apontou: “No dia 29 de setembro temos a oportunidade de mostrar, mais uma vez e pelo voto, que os portugueses não querem mais este governo”.

A deputada Helena Pinto, na sua intervenção, afirmou: “Querem-nos cada vez mais pobres. Querem que o povo fique cada vez mais pobre e com menos direitos. É o que tem acontecido nestes dois anos. É esse o plano do governo que perdeu toda a legitimidade, mas que teve o apoio por parte do presidente Cavaco Silva”.

Salientando que o atual governo “leva o país para a ruína”, a deputada bloquista, referindo-se às eleições autárquicas, alertou: “Vão vir aí promessas é preciso que não nos deixemos enganar”.