Os trabalhadores da Efacec estão em greve parcial ao longo desta semana, com paragem de duas horas por turno em três dias intercalados. A greve arrancou esta segunda-feira e vem registando forte adesão. As paralisações estão a ser acompanhadas de concentrações de protesto em frente às instalações da empresa no Parque Empresarial da Arroteia, em Matosinhos, que estão a juntar centenas de trabalhadores.
As greves e concentrações, convocadas pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE Norte) como "um grito de alerta" contra a situação na empresa, foram marcadas para segunda, quarta e sexta-feira, das 8h30 às 10h30 e das 17h às 19h. Em paralelo, está em vigor uma greve ao trabalho extraordinário durante todo o presente mês de maio.
Em comunicação divulgada nas primeiras horas do protesto, a Fiequimetal, federação que junta os sindicatos da CGTP do setor, fala num arranque "em força" desta jornada de luta e promete que os trabalhadores "não ficam impávidos e serenos, enquanto o futuro da empresa e os seus postos de trabalho podem estar a ser postos em causa".
Recorde-se que a nova dona da Efacec, o fundo alemão Mutares, após adquirir a empresa no passado mês de novembro no âmbito do processo de reprivatização, rapidamente seguiu uma estratégia de alienação das vertentes menos lucrativas do negócio e de pressão para redução de funcionários. No passado mês de março, comunicou a intenção de realizar um despedimento coletivo ao mesmo tempo que pressiona rescisões de contratos de trabalho.
A greve surge também na sequência da recusa de diálogo por parte da administração. Além de impedir os despedimentos, o sindicato pretende nenegociar um caderno reivindicativo, com destaque para a exigência de aumentos salariais, e preservar o carácter estratégico da empresa.
Bloco solidário com luta dos trabalhadores
Pedro Filipe Soares, dirigente do Bloco de Esquerda, esteve presente esta quarta-feira na concentração de protesto durante a paralisação da manhã, levando uma mensagem de apoio e solidariedade do partido. Dirigindo-se aos trabalhadores, saudou a "coragem" da sua luta, mesmo perante a tentativa da administração de pressionar e dividir os trabalhadores. Defendendo que a Efacec é uma empresa "estratégica para o Norte e para o país", falou nas consequências do processo de privatização conduzido ainda pelo anterior Governo do PS, acusando de "entregar a empresa por tuta e meia a quem agora a quer destruir".
O Bloco questionou já o Governo, em pergunta dirigida ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social no passado dia 17 de abril, defendendo medidas para garantir os postos de trabalho e impedir os despedimentos na Efacec.