Lutas laborais

Greve de três dias na Efacec

24 de abril 2024 - 15:02

Num momento em que a Mutares avança com rescisões e ameaça com despedimento coletivo, trabalhadores da Efacec avançam para três dias de greve parcial para "defender os empregos".

PARTILHAR
Efacec
Efacec. Foto publicada pelo SITE-Norte

A paralisação, sob a forma de greve de duas horas por turno, terá lugar nos dias 6, 8 e 10 de maio. Os trabalhadores decidiram avançar para esta forma de luta em plenários realizados na instalações da Arroteia e da Maia, no passado dia 17 de abril.

O coordenador do SITE Norte - Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte, Miguel Ângelo, em declarações ao Expresso, afirma que "é uma greve para defendermos os empregos na Efacec".

O contexto é marcado pela postura agressiva da nova dona da empresa, o fundo alemão Mutares, que tem como estratégia abandonar as vertentes do negócio que considera menos interessantes e comunicou no passado mês de março a intenção de realizar um despedimento coletivo ao mesmo tempo que avança com rescisões de contratos de trabalho. A greve é também uma reação à recusa da administração em dialogar com os trabalhadores neste contexto, tendo recusado os pedidos de reunião feitos pelo sindicato.

O coordenador do SITE Norte denuncia "o ambiente de grande ansiedade que se vive na empresa", com a pressão da administração para os trabalhadores aceitarem rescisões ao mesmo tempo que ameaça com o despedimento coletivo.

As três comissões de trabalhadores presentes nas empresas do grupo divulgaram também uma posição comum. Em comunicado emitido no passado dia 16 de abril, em que denunciam o clima de "tensão, medo e incerteza", apelam à "união dos trabalhadores com as suas estruturas de representação". As três estruturas de representação dos trabalhadores lamentam ainda que não tenha sido cumprida a promessa do Governo de manter os postos de trabalho, considerando mesmo que "a empresa como a conhecemos está em vias de acabar".

Recorde-se que a Mutares comprou a Efacec em novembro passado, no processo de reprivatização e após o Estado ter injetado centenas de milhões de euros na empresa.

Bloco exige intervenção do Governo

Em pergunta dirigida ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social no passado dia 17 de abril, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, através dos deputados José Soeiro e Isabel Pires, questiona o Governo sobre as medidas que pretende tomar para "garantir os postos de trabalho" na EFACEC.

Questionando sobre se o Governo tem ou teve previamente conhecimento das medidas do plano de reestruturação que a Mutares quer aplicar, os deputados sugerem também a intervenção direta do Governo, através da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), no sentido de assegurar uma solução que impeça os despedimentos, nomeadamente com a integração dos trabalhadores noutras áreas de atividade da Efacec.

Criticando a privatização de "um setor estratégico para economia portuguesa", os bloquistas pedem ainda que o Governo esclareça se ficaram ou não contratualizadas com a Mutares obrigações relativas à manutenção dos postos de trabalho e das unidades de produção existentes.