O líder do governo alemão apelou este domingo à realização de uma conferência de paz com a presença da Rússia, acrescentando que o presidente ucraniano está de acordo com a ideia. A posição de Zelensky nas reuniões mantidas em Ramstein na semana passada já tinha sido notícia na imprensa alemã esta semana.
O anúncio de Scholz surge uma semana após os eleitores da Turíngia e da Saxónia, duas regiões do leste alemão, terem reforçado os dois partidos que mais se opõem à estratégia das sanções à Rússia e do apoio militar à Ucrânia e ditado uma derrota dos partidos que estão à frente do executivo federal.
Como seria de esperar, estes partidos reagiram com satisfação às palavras do chanceler este domingo.
“Há muito tempo que defendemos negociações de paz que envolvam todos os intervenientes na guerra - incluindo a Rússia”, afirmou o co-presidente da Alternativa para a Alemanha (AfD) Tino Chrupalla, considerando positivo que “o chanceler esteja agora a seguir a nossa exigência”. O dirigente da extrema-direita sugere mesmo que depois da Suíça a próxima cimeira tenha lugar na capital alemã, pois assim ”a Alemanha tornar-se-á o partido da paz e Berlim a capital da diplomacia!”.
Também Fabio de Masi, dirigente da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), congratulou-se com as palavras de Scholz, considerando-as “uma iniciativa importante no caminho para um cessar-fogo”. O antigo eurodeputado da Esquerda Europeia, que saiu do Die Linke para se juntar ao novo partido de Sahra Wagenknecht, considera que “a Ucrânia estaria hoje numa situação melhor, com menos perdas de vidas, destruição de infra-estruturas pela Rússia, perda de território e emigração, se tais iniciativas não tivessem sido sabotadas em condições mais favoráveis para a Ucrânia (incluindo por parte da opinião pública alemã)”.
Ainda antes da realização das regionais da Turíngia e da Saxónia, mas já com as sondagens a prever aquele desfecho e após a derrota nas europeias, Olaf Scholz tinha admitido que há via muita gente a discordar da posição do seu executivo sobre as sanções à Rússia e o apoio militar à Ucrânia. Críticas que se estenderam ao seu partido, com Scholz a ser criticado por ter autorizado os ataques ucranianos em território russo com armas alemãs pouco antes das eleições europeias.