O site despedimentos.pt denuncia esta sexta-feira que a empresa Schnellecke Logistics Portugal está a despedir trabalhadores precários que desempenham funções na fábrica da Continental-Mabor em Lousado, Famalicão.
De acordo com denúncias recebidas pelo site, a empresa pertencente ao grupo alemão que presta serviços de logística para a indústria, está a comunicar a cessação de contratos a termo incerto, alegando o suposto fim do “projeto temporário” para o cliente Continental-Mabor. No entanto, a notícia refere que estes profissionais “asseguram há vários anos as mesmas funções na fábrica”, sempre através de empresas intermediárias.
“São cerca de 270 trabalhadores com vínculo com a Schnellecke desde Março de 2020, momento em que a empresa anterior (Rangel – Distribuição e Logística) foi substituída pela multinacional alemã na prestação do serviço”.
De acordo com relatos dos trabalhadores, na sequência de uma denúncia feita à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), esta já se pronunciou e considerou que estão em causa situações de despedimento ilícito. No entanto, apesar desta constatação, a ACT terá apenas aconselhado os trabalhadores a interpor ação judicial, prescindindo da competência que permite suspender os despedimentos ilícitos.
Com a mudança de empresa, os trabalhadores queixam-se também de uma degradação das condições de trabalho, nomeadamente na diminuição das pausas durante o horário de trabalho e algumas alterações nos equipamentos, que aumentaram o desconforto e o risco de acidentes. Os trabalhadores queixam-se ainda de irregularidades na emissão dos recibos de vencimento, situação que estará, em alguns casos, a causar problemas no acesso a prestações sociais, nomeadamente subsídios de doença e subsídio parental.
Além dos despedimentos e da degradação das condições de trabalho, cerca de 50 trabalhadores da Schnellecke na Continental-Mabor estão ainda a ser excluídos do complemento de estabilização, sendo assim gravemente prejudicados depois de terem estado em lay off.
Bloco questionou o governo sobre ação inspetiva da ACT
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda entregou esta sexta-feira uma pergunta ao Governo sobre o caso destes trabalhadores. O Bloco quer que a tutela corrija a situação dos trabalhadores que se encontram excluídos do complemento de estabilização (após lay-off) e que a ACT tome as diligências necessárias com vista a reverter os despedimentos de trabalhadores precários e a melhorar as condições de trabalho destes profissionais.
O deputado José Maria Cardoso esteve com os trabalhadores da Schnellecke, que prestam serviços na Continental-Mabor,...
Publicado por Bloco de Esquerda - Famalicão em Sexta-feira, 30 de abril de 2021
O deputado do Bloco José Maria Cardoso, eleito pelo círculo de Braga, esteve presente na concentração de trabalhadores da Schnellecke na Continental-Mabor, que estão em greve entre os dias 29 de abril e 2 de maio, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE Norte). Os trabalhadores exigem aumentos salariais, regularização dos vínculos precários e melhoria das condições de trabalho.
Em declarações ao esquerda.net, José Maria Cardoso diz que estes trabalhadores estão a ser vítimas de “bullying” por parte da empresa.
“Não são ouvidos nem atendidos para nada e cada vez sofrem maior pressão com o intuito da empresa atingir maior produção. As condições de trabalho pioraram, os riscos de desgaste físico aumentaram, a perseguição é permanente com a ameaça do cutelo de despedimento”, frisa o deputado.