Espanha

Sanchéz tenta suavizar pacote armamentista europeu por pressão da esquerda

25 de março 2025 - 10:13

Primeiro-ministro espanhol conseguiu, juntamente com Meloni, que fosse mudado o nome do programa europeu de “Rearmar a Europa” para “Prontidão 2030”. Mas as mudanças cosméticas não satisfazem os parceiros de governo nem a esquerda parlamentar.

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Pedro Sánchez e Yolanda Díaz
Pedro Sánchez e Yolanda Díaz. Foto Governo de Espanha/Flickr

Esta sexta-feira, o Conselho Europeu concordou em alterar o nome do pacote anunciado no início do mês “ReArmar a Europa” (Rearm Europe) para “Readiness 2030” (Prontidão 2030). Após críticas de Espanha e Itália por o nome ser pesado e poder levar à alienação dos cidadãos, o conjunto de países decidiu suavizar o nome do pacote para investimento em defesa.

Para além disso, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, pediu que os investimentos em defesa sejam alargados para incluir tópicos como segurança cibernética, ataques híbridos, luta contra o terrorismo, conexões via satélite, computação quântica, inteligência artificial, e outras despesas resultantes de catástrofes climáticas.

No entanto, em causa não está uma verdadeira alteração do conteúdo do pacote e dos seus instrumentos, já altamente criticados. Nomeadamente, vai já avançar o programa específico para angariar e distribuir 150 mil milhões de euros em empréstimos a juros baixos para facilitar a aquisição de armas e munições avançadas, designado por "SAFE".

Além disso, mantém-se o desvio de fundos de coesão para a defesa e os gastos para este setor ficam isentos dos limites impostos pelas regras orçamentais. Estima-se que se cada país aumentar em 1,5% do PIB a sua despesa nacional, se totalizam 650 mil milhões de euros.

Esquerda espanhola pressiona PSOE

A posição de Sanchéz no Conselho resulta da pressão do partido Sumar, com quem partilha o governo, bem como do Bloco Nacionalista Galego.

Na quinta-feira passada, o BNG apresentou no Congresso uma moção que rejeitava explicitamente o programa Rearmar a Europa de Ursula von der Leyen. O Sumar e o Podemos votaram a favor, enquanto o PSOE votou contra.

A Espanha gastou 1,28% do seu PIB com a NATO no ano passado, muito aquém do objetivo de 2% que deverá atingir até 2029. Sanchéz já se tinha comprometido com acelerar este calendário, sem adiantar muito mais, com todos os partidos à esquerda do PSOE a oporem-se a este projeto.

Apesar das divisões no seio do governo espanhol, nem no PSOE nem no Sumar parecem querer derrubar o executivo nesta fase. A estratégia de Sánchez passa por evitar uma votação vinculativa do orçamento no Congresso de forma a não ficar dependente dos votos da oposição de direita.

Já o PP, apesar de concordar no essencial com o plano armamentista europeu, pede uma votação vinculativa no Congresso, com o objetivo tático de romper a coligação governamental.