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Salvini prepara “plano de expulsão” de ciganos
Salvini, que é simultaneamente Vice-Primeiro-Ministro e Ministro do Interior, enviou uma diretiva aos presidentes de Câmara de todo o país para que estes fizessem relatórios sobre os acampamentos de ciganos do país. Devem estar terminados em duas semanas.
Para o dirigente da extrema-direita há muitos ciganos “ilegais” e é preciso “preparar um plano de desalojamento”. Diz que quer por cobro às “situações de ilegalidade e degradação que frequentemente se registam nesses acampamentos” que “constituem um perigo para a ordem pública e a segurança”.
Salvini detalha o que quer saber: tipo de alojamento, densidade da população, as condições dos acampamentos (existência de água, redes elétricas e esgotos) e o número de menores. O objetivo é elaborar “um plano de evacuação progressiva das áreas ilegalmente ocupadas”.
Para além dos refugiados, os ciganos têm sido uma das obsessões do chefe da Liga. Durante a última campanha eleitoral prometia arrasar os campos dos ciganos com bulldozers. Mais recentemente tinha declarado que “está na hora de os ciganos começarem a pagar pelos serviços”.
Na altura em que ideia do censo aos ciganos foi pela primeira vez avançada o objetivo declarado era ainda mais polémico. Salvini afirmava queria expulsar do país todos aqueles que ali não tivessem nascido. “Ciganos italianos, infelizmente, deves guardá-los em casa”, lamentou na mesma ocasião no Twitter. E, noutra publicação na mesma altura, o mesmo Salvini jurava estar a pensar “apenas naquelas pobres crianças que são ensinadas a roubar e à ilegalidade”.
O número de ciganos a viver em acampamentos em Itália não é consensual. O Ministério do Interior italiano refere 40 mil. Mas o Conselho da Europa estima entre 120 a 180 mil. Seja como for, é uma das proporções mais baixas de ciganos na Europa.
O plano de Salvini dirige-se aos Roms, ou Roma, grupo cigano do Sul e Leste da Europa, aos Sinti, grupo do Oeste e Centro europeu e a um grupo nómada italiano não cigano, os Caminanti, cuja origem é indefinida. São grupos que vivem na Europa há vários séculos.
A Associazione 21 Iuglio salienta o caráter discriminatório da medida: esta dirige-se especificamente a um grupo étnico que estigmatiza e “não diz respeito, por exemplo, a campos formais ou informais habitados por pessoas que não sejam deste grupo étnico”.
Ao Financial Times, a atriz Dijana Pavlovic, porta-voz do movimento Kethane Rom and Sinti per l’Italia acrescenta que “a existência de uma lista de Roma e Sinti no Ministério do Interior vai criar um medo profundo e uma insegurança, não apenas porque relembra o Holocausto mas porque Salvini vai então avançar com os desalojamento que tinha prometido por toda a Itália”.
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