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Recusa de trabalho voluntário impede médicos de reforçar SNS

Em carta aberta, mais de uma centena de médicos consideram incompreensível não terem sido chamados a participar “quando os hospitais e centros de saúde começam a claudicar por cansaço” e a “saúde pública todos os dias alerta para a falta de recursos”.
Foto de Paulete Matos.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) “vive um dos seus períodos mais exigentes de sempre”, situação na qual “todos são precisos e ninguém é dispensável”, assinalam os profissionais de saúde na missiva endereçada à ministra da Saúde, ao primeiro-ministro e ao Presidente da República.

De acordo com os mais de cem médicos signatários da carta aberta, milhares responderam ao desafio lançado pelo bastonário da Ordem dos Médicos e “a lista foi enviada ao Ministério da Saúde”. “Nada aconteceu ou foi colocado um conjunto de barreiras administrativas inexplicáveis, entre as quais a recusa de trabalho voluntário”, denunciam.

“Somos um conjunto de médicos, alguns reformados, mas ativos. Queremos ajudar e declaramo-nos presentes”, apontam, sublinhando que os médicos “têm estado nas primeiras linhas do combate à covid-19”, assegurando não só a frente de batalha, mas também “garantindo o apoio a todos os doentes não covid”.

“Mas somos poucos para tanto que está a atingir a nossa saúde e o nosso SNS”, lamentam os clínicos na missiva citada pela agência Lusa, cujo primeiro signatário é Gentil Martins. Afirmam manter a “vontade de participar ativamente no combate à pandemia”, “na educação para a saúde das populações”, “nos inquéritos epidemiológicos”, “no trace covid”, “no apoio à vacinação” e “nos hospitais de campanha”.

Os médicos consideram incompreensível não terem sido chamados a participar “quando os hospitais e centros de saúde começam a claudicar por cansaço” e a “saúde pública todos os dias alerta para a falta de recursos”.

“Estamos aqui e queremos ajudar neste combate. Lutando com toda a nossa energia e materializando tudo aquilo que afirmámos no nosso Juramento de Hipócrates”, referem, apelando aos governantes que assumam que é necessário o esforço de todos e que “o ‘exército’ pode ser reforçado”.

“Os portugueses não entenderão que se continue a não aceitar a nossa presença e que a nossa participação seja dificultada por burocracias inexplicáveis”, frisam, pedindo que a sua ajuda seja considerada como voluntária.

“É com esse estatuto que nós desejamos organizar e participar nesta luta. Aguardamos saber onde somos precisos e onde nos devemos apresentar”, rematam.

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