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Recessão recorde e acentuar de divergências: Comissão Europeia agrava previsões económicas

Quebra do PIB pode chegar aos 8,7% na zona euro e 9,8% em Portugal. “Se não houver uma forte intervenção política, não conseguiremos aproximar os países", avisa o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni.
Paolo Gentiloni. Foto: European Parliament/Flickr
Paolo Gentiloni. Foto: European Parliament/Flickr

A Comissão Europeia atualizou esta terça-feira as suas previsões económicas para este ano e o cenário é tudo menos promissor. Se, há dois meses, se previa que a economia da zona euro ia sofrer uma contração de 7%, os dados disponíveis atualmente apontam para uma queda mais acentuada, na ordem dos 8,7% do PIB.

Para o conjunto da União Europeia, prevê-se uma quebra de 8,3%, bastante superior aos 7,4% previstos em Maio. As projeções do crescimento económico em 2021 também foram revistas em baixa. Os números levaram a Comissão a admitir que “o impacto económico do confinamento é mais grave do que se previa inicialmente.” O motivo para o agravamento da maioria das previsões é o facto de se terem registado “contrações significativas na maior parte dos indicadores económicos”.

No caso de Portugal, a Comissão aponta para uma recessão de perto de 10% do PIB. Mesmo tendo em conta que se prevê que a economia cresça 6% em 2021, não será suficiente para compensar a quebra de proporções inéditas. Recorde-se que, há um mês, o Governo previra que a recessão seria da ordem dos 6,9%.

O Comissário Europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, lembrou que “o caminho para a recuperação ainda está repleto de incertezas e riscos”. Na mesma linha, Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão, deixou um aviso: “continuamos a navegar em águas agitadas”. À incerteza associada à evolução da pandemia, junta-se a situação do mercado de trabalho e o risco do aumento do desemprego quando acabarem os programas de lay-off na Europa.

Além disso, a crise deverá acentuar as divergências entre os países na UE. Apesar de dizer que estamos na presença de um “choque simétrico”, a Comissão reconhece que “as diferenças entre os Estados-Membros no que toca à magnitude do impacto da pandemia e à robustez da recuperação deverão ser mais acentuadas do que o esperado”.

Foi isso que levou Gentiloni a admitir que “se não houver uma forte intervenção política, não conseguiremos aproximar os países. As divergências, que já se manifestam, só vão aumentar”. Neste contexto, as decisões da próxima reunião do Conselho Europeu, a 17 e 18 de Julho, tornam-se ainda mais decisivas.

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